Perfume – A História de um Assassino

Tom Tykwer volta em grande estilo com a mesma eloqüência, inventividade e surpresa que o fez conhecido com Corra-Lola-Corra. Antes de assistir perfume é bom ter essa informação, para que fique claro também que o filme merece e necessita ser visto de mente aberta, sem preconceitos. Perfume é mais uma adaptação literária para o cinema, o livro escrito por Patrik Süskind vendeu mais de 15 milhões de cópias, sendo 4 milhões apenas na Alemanha. Foi ainda traduzido para 45 idiomas. Nem vale a pena entrar no mérito da qualidade da adptação, tal discussão será eterna, e sendo duas maneiras distintas de contar história, penso que tal discussão é mesmo irrelevante.
Perfume conta a história de Jean-Baptiste Grenouille (Ben Whishaw), uma criança que nasceu em Páris no ano de 1738, desde o primeiro segundo de sua vida deparou-se com o desprezo, o descaso e a maldade humana, Jean veio a vida em um mercado de peixe, em meio a restos de comida, viceras e muito lixo. Desde o início de sua vida Jean fora obrigado a lutar por sua sobrevivência, segundos depois de seu nascimento sua mãe o abandonou da mesma maneira que o fizera com outros cinco filhos. Percebido em meio a podridão das ruas de Paris, Jean é levado a um orfanato onde depois é vendido a uma fabrica de curtume, deparando-se sempre com a indiferença e o preconceito das pessoas. Porém, Jean-Baptiste Grenouille era dono de um dom sobrenatural, possuía um super-olfato, que o guiava e o protegia dos seus difceis dias de vida.
Mais tarde com um vocabulário e um conhecimento rudimentar das coisas Jean torna-se aprendiz na perfumaria de Giuseppe Baldini (Dustin Hoffman), logo o dom de Grenouille mostra-se uma obsessão por conhecer e extrair todos os odores das coisas, até mesmo do vidro ou do ferro. Com o tempo Jean supera seu mestre e sua ambição toma caminhos ainda maiores, como a busca por manter o odor das coisas por tempo permanente incluindo o odor de cada mulher. É nesse ponto que a personalidade e a obsessão de Jean o transformam em um assassino que não mede esforços para realizar seu sonho, uma espécie de perfume perfeito, absoluto, supremo.
Como já foi dito; é preciso estar de mente aberta para ver o longa, encarar imagens fortes e um desfecho todo subjetivo que possibilita diferentes interpretações. Por fim a atuação dos atores é concreta, verossímil e a recriação de Páris do século 17 simplesmente bárbara. Tom Tykwer soube trabalhar com os sentidos e não só o olfato que quase conseguimos sentir mas toda a inquietação do ser humano.

Ygor MF

Tom Tykwer
Nome Completo: Tom Tykwer
Natural de: Wuppertal, Alemanha
Nascimento: 23 de Maio de 1965

Filmografia
2006 - Perfume - A história de um assassino (Perfume: The story of a murderer)2006 - Paris, eu te amo (Paris, je t'aime)2004 - True (curta-metragem)2002 - Paraíso (Heaven)2000 - A princesa e o guerreiro (Der krieger und die kaiserin)1998 - Corra, Lola, corra (Lola rennt)1997 - Wintersleepers - Inverno quente (Winterschläfer)1993 - Die tödliche Maria1992 - Epilog (curta-metragem)1990 - Because (curta-metragem)

Ficha Técnica
Título Original: Perfume: The Story of a Murderer
Tempo de Duração: 147 minutos
Ano de Lançamento (Alemanha / Espanha / França): 2006
Direção: Tom Tykwer
Roteiro: Andrew Birkin, Tom Tykwer e Bernd Eichinger, baseado em livro de Patrick Süskind
Elenco:
Ben Whishaw (Jean-Baptiste Grenouille)
Alvaro Roque (Jean-Baptiste Grenouille - 5 anos)
Franck Lefeuvre (Jean-Baptiste Grenouille - 12 anos)
Birgit Minichmayr (Mãe de Jean-Baptiste)
Sian Thomas (Madame Gaillard)
Michael Smiley (Porter)
Perry Millward (Marcel)
Sam Douglas (Grimal)
Jaume Montané (Pélissier)
Timoth Davies(Chenier)
Dustin Hoffman (Giuseppe Baldini)
Rachel Hurd-Wood (Laura Richis)
Ramón Pujol (Lucien)
Alan Rickman (Antoine Richis)

Dália Negra – de Brian de Palma

Baseado no romance homônimo de James Elroy, talentoso escritor de romances policiais como Los Angeles – Cidade Proibida (também adaptado para o cinema), Dália Negra reconta a história de um dos crimes mais brutais da história dos Estados Unidos cujo o desfecho ainda permanece um mistério. O Romance de James é por tanto uma das possibilidades do caso. E penso que não poderia estar em melhores mãos para chegar as telas dos cinemas, já que Brian de Palma é um diretor que vez ou outra visita esse gênero romance-polical com toque de noir, como por exemplo nos filmes Femme Fatale, O Pagamento Final, Dublê de Corpo entre outros.
A história de Dália Negra gira em torno do brutal assassinato de Elizabeth Short, uma jovem determinada e entrar no mundo das estrelas de Hollywood. Quando os restos mortais da vítima são encontrados, os detetives Blanchard (Aaron Eckhart) e Bucky Bleichert (Josh Hartnett), mergulham nas investigações com uma gana que mais parece uma obsessão pelo caso. A partir daí o filme se assemelha bastante a “Los Angeles” mostrando uma cidade e a sociedade de modo geral corrupta e cheia de segredos e farsas. Em jogos de sedução, corrupção e interesses os personagens vão percebendo que não podem confiar em ninguém. Assim os drama e interesses de cada personagem vão ganhando proporções maiores e confundindo ainda mais a trama que em parte é complexa e complicada mesmo. Blanchard (Aaron Eckhart) conhece e passa a se envolver com uma misteriosa mulher, muito parecida com Elizabeth Short, ao mesmo tempo que se vê atraído pela mulher de seu melhor amigo o detetive Bucky, que por sua vez se vê aflito com a presença de um homem recém libertado da cadeia que parece estar relacionado com o passado do casal Bucky e Kay Lake(Scarlet Johasson).
Nesse clima clima de total desconfiança e suspense, o desfecho de Dália não chega a ser extraordinário, ainda que seja longe de ser previsível, no entanto, o que mais chama atenção na história e no caso Black Dália não é seu desfecho mas os caminhos que cada personagem percorre e como são diretamente influenciados.
Ygor MF

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1 indicação ao Oscar de melhor fotografia


Título Original: The Black Dahlia
Tempo de Duração: 121 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Alemanha): 2006
Site Oficial: www.theblackdahliamovie.net
Direção: Brian De Palma
Roteiro: Josh Friedman, baseado em livro de James Ellroy

Brian de Palma
Josh Hartnett (Dwight "Bucky" Bleichert)
Scarlett Johansson (Kay Lake)
Aaron Eckhart (Sargento Leland "Lee" Blanchard)
Hilary Swank (Madeleine Linscott)
Mia Kirshner (Elizabeth Short)
Mike Starr (Russ Millard)
Fiona Shaw (Ramona Linscott)
Patrick Fischler (Ellis Loew)
James Otis (Dolph Bleichert)
John Kavanagh (Emmet Linscott)
Troy Evans (Chefe T. Green)
Anthony Russell (Morrie Friedman)
Cache - de Michael Haneke


Os primeiros minutos de “Cachê” servem para que apenas consigamos perceber uma certa provocação e uma das várias questões levantadas durante o longa. Cachê escrito e dirigido por Michael Haneke, é um desses filmes que em parte pode se tirar muitos significados ou ao final do filme não entender muita coisa. Nos dois casos o público segue caminhos opostos mas “programado” pelo diretor, claro que há o perigo de se entender coisas demais até mesmo aquilo que não está no trabalho, já o não entender, é algo mais proposital, “Cachê” de fato não é um desses filmes que ao final tudo se explica, muito ao contrário, o desfecho do filme é um combustível que agrega vários sentidos a história, e dá forma a proposta provocadora de Michael Haneke.
Georges Laurent interpretado por Daniel Auteuil é um apresentador de um programa literário, casado com Anne Laurent(Juliette Binoche) com quem tem um filho pré-adolescente. Um dia Georges recebe uma fita de vídeo contendo imagens da fachada de sua casa, e junto das fitas desenhos sinistros impõem um ar de ameaça a vida do casal. Com o passar do tempo novas fitas com novas imagens vão sendo entregue demonstrando que o autor das filmagens tem acesso a vida intima do casal, além de conhecer detalhes importantes do passado de Georges.
Espantados com a possíveis ameaças, o casal tenta descobrir quem e por qual motivo estariam fazendo tais atentados. O filme segue no ritmo vertiginoso de um suspense muito bem construído, mesmo não sendo essa a única proposta do filme.
Haneke propõe na verdade uma profunda análise sobre a imagem e o papel dela, dos personagens e dos próprios telespectadores. Há um convite para a inclusão de quem assiste ao filme a participar da construção de seus significados, uma obra que mergulha a fundo na metalinguagem do cinema e no ato de contar historias, revendo o papel do público, não mais o aceitando como passivo diante de diversas metáforas que nos são apresentadas. Cachê não chega a ser contraditório mas é em todo instante ambíguo, ficando difícil identificar uma metáfora ou um drama psicológico de um fato gritante e estatelado na tela.

Ygor MF

Ficha Técnica
Título Original: Caché
Tempo de Duração: 117 minutos
Ano de Lançamento (França / Áustria / Alemanha / Itália): 2005
Direção: Michael Haneke
Roteiro: Michael Haneke
Produção: Veit Heiduschka
Fotografia: Christian Berger

Juliette Binoche (Anne Laurent)
Daniel Auteuil (Georges Laurent)
Maurice Bénichou (Majid)
Annie Girardot (Mãe de Georges)
Lester Makedonsky (Pierrot Laurent)
Bernard Le Coq (Redator)
Walid Afkir (Filho de Majid)
Daniel Duval (Pierre)
Nathalie Richard (Mathilde)
Denis Podalydès (Yvon)
Aïssa Maïga (Chantal)
Caroline Baehr (Mãe de François)
Christian Benedetti (Pai de Georges)