Depois de ficar metendo o bedelho no trabalho dos outros, comentando isso ou aquilo, faço uma mudança nas minhas pretensões de antes jornalista para agora cineasta rsss. Mas continuo o mesmo pretensioso-humilde de sempre...

Ygor MF

Final do Campeonato Paulista de 2007
Santos X São Caetano


"Das hipoteses dum caixeiro viajante"

Não há um caminho para Damasco...
A estrada que leva a esse “não-lugar”
tem o projeto simétrico duma reta numa estrada
que se finge de sem fim.

É o encontro dum contra-censo,
duma maldição contida nos bolsos,
onde é maior o estado de “estar-indo” do que
a plenitude do chegar.

É a contra-partida dos passos,
é o cansaço que alcança
um contra-ponto onde se deita.

A viajem para Damasco
é a espreita e a cegueira,
o sonido e o ritmo do andar.

Ygor MF




Minotauro

Lâminas afiadas junto ao impacto contra o vento,
o peso do ar torna-se sangue ao triscar.
Armaduras de escamas banhadas a ouro,
eis que o corpo se prova alma.
A matéria carnal se dissolve em silfo.

Rosa, manto de espinhos.
Osmose de pontiagudas tentações.
Bufos escondendo gritos,
lágrimas retorcidas em baba, gosma.
Os olhos só vêem sangue,
possuem células e pigmentação de sangue.

Os Olhos empalhados, as palmas das mãos,
Minotauro, égua, mulher.
Possuem a espada como vertebra.
Assim os olhos que são metais e gotejam sangue,
observam a eterna imagem de seu matador espanhol...

Ygor MF

CINEMA ESSENCIAL
Chega as bancas a edição especial da Revista Bravo - 100 Filmes Essenciais, uma seleção de 100 filmes considerados obrigatórios na lista de qualquer cinéfilo ou mesmo de quem queira conhecer um pouco mais sobre essa arte que já tem mais de 100 anos desde suas primeiras manisfestações.


Com o acabamento e a luxuosa edição costumeira nas páginas da revista, além de imagens de grande valor estético e de uma simbologia ampla e objetiva no mundo do cinema, a edição conta ainda com um rico texto sobre cada filme. Contendo informações sobre o contexto em que cada obra foi feita, além de curiosidades dos bastidores ressaltando sempre o que tal trabalho trouxe de novo a história do cinema.


A seleção teve como base resultados de votações feitas por diversos veículos de informação tal como o jornal The New York Times, as revistas Times e Cahiers du Cinema além de institutos ligados ao cinema.


Para completar a lista colaboradores da edição trabalharam com listas misturando o erudito com o popular, o sofisticado e o comercial, o inventivo e o eficaz, assim como nos informa a Carta do Editor.


Ao final temos um rico trabalho desses para guardar com todo cuidado e fazer constantes consultas.

Revista Bravo Especial - 100 Filmes Essenciais
R$ 14,95


Ygor MF

Dica de Leitura

Maus – de Art Spilgeman

Lançado em meados de 1984 a novela em quadrinhos Maus com roteiro de desenho de Art Spilgeman é um dos relatos mais viscerais do drama da Segunda Guerra Mundial.
Em Maus, Art relata o drama vivido por seu pai Vladek Spilgeman nos campos de concentração onde permaneceu como prisioneiro durante quase todo o tempo da guerra.
Enquanto pai e filho(Art e Vladek) conversam, Art vai anotando tudo ou gravando as conversas com seu pai enquanto ele lhe relata os dramas vividos; o relacionamento com Mala uma antiga namorada, o casamento com Anja mãe de Art, o recrutamento para a guerra em 1939 aos anos em Auschwitz período mais critico da guerra para os prisioneiros onde foram mortos milhões de judeus. Vladek Spilgeman foi um nato sobrevivente da guerra que precisou de muita insistência, sorte e sabedoria para escapar vivo daquele cenário.
A obra Maus conta com diversos detalhes que lhe tornam única na literatura de modo geral. Para contar essa história além de ter usado a linguagem dos quadrinhos, Art fez uma classificação das várias etnias que encontradas naquele contexto. Assim os judeus são representados por ratos, ao passo que alemães são gatos, americanos cachorros, poloneses porcos e assim em diante. Talvez por isso algum desinformado ao ver a capa do romance em quadrinhos pode tomá-lo por uma obra infantil sem qualquer pretensão. No entanto as pretensões de Maus são singelas e sorrateiras, criticas acompanhadas duma requintada ironia são absorvidas ao longo das quase 300 páginas do livro, acompanhada sempre de uma gama rica de humor e detalhamento do que é narrado.
Em meio as páginas de Maus, somos transitados da Europa em plena Segunda Guerra Mundial para a calmaria da casa de Vladek em dias mais atuais onde a história é ouvida por Art, neste novo cenário presenciamos a herança da guerra na personalidade do envelhecido Vladek. Acompanhamos não só a história que nos é contada sobre a guerra mas também a forma como esses relatos serão mais tarde transformados num romance por Art Spilgeman. E como tal somos observadores de uma incomoda sinceridade enquanto o autor transforma a história em arte. Toda uma metalinguagem é um adorno da obra que a torna ainda mais especial nos dando raros momentos de observação do processo de criação como por exemplo a dúvida de Art de como contar a história sem ser parcial ou transformar os personagens em simples caricaturas. Em dado momento chega a desconfiar que a história é complexa demais para ser contada através dos quadrinhos.
Maus foi traduzido por Antônio de Macedo Soares relançado 2005 pela CIA das Letras com num acabamento gráfico primoroso, uma edição de luxo obra obrigatória para se entender o drama das pessoas envolvidas na grande guerra mundial.

Ygor MF



Micro-Conto do Fim do Mundo

O despertador frio-calculista atinge as 5:00 da manha, o sujeito num pulo de quem está disposto-atrasado levanta da cama que lhe dera sonhos já esquecido. Como uma reza permanece em transe frente ao mórbido reflexo do espelho, as paginas do jornal já não lhe causam náuseas, uma lágrima dura se esforça a sair dos olhos. As horas durante o dia tem gosto de “Adeus” sempre inoportuno e dramático demais para o seu cotidiano.
De noite a volta ao quarto é pontual, de uma fidelidade canina, onde tentará embarcar num sonho engenhoso com complexos detalhes que lhe farão reviver o último dia de sua vida. No entanto as paredes apertadas do quarto lhe parecem como um retrato de Marie-Thérèse Walter. A cama lhe guarda o abraço dum paletó de madeira. Adormece convulso, histérico e colérico.
Os sonhos daquela noite de véspera do apocalipse não vieram, acorda pela manhã junto do despertador composto de pragmatismos e inocente do dito fim do mundo. Disposto-atrasado o homem se levanta para um mundo incerto que sobrevivera até ali acima da falsa profecia do fim dos tempos...
Ygor MF