Fechando um ano maravilhoso com chave de ouro... Depois de lançar o livro “Do Som ao Impacto” em publicação independente, pela editora Incomum, agora a Editora Multifoco, comprou a idéia e o livro teve uma segunda edição, com lançamento no último dia 9 de dezembro, no bar Exquisito, na Bela Cintra, Consolação. Disponível para venda no site da editora e em breve no site das principais livrarias.

Trata-se de um livro de contos, o primeiro do autor Ygor Moretti, que ao longo de dez anos trabalhou no texto como uma espécie de laboratório literário. Entre revisões, edições, junção de umas e exclusão de outras histórias, o livro contém 9 contos, independentes mas que também se entrelaçam, antecedem ou completam-se.

Tudo gira em torno de uma cena de violência, um velho baleado em frente a sua casa, aparentemente sem maiores motivos, a violência da cidade e os seus bastidores são tratados em alguns dos contos. Noutros a dor da perda, rusgas familiares e diferenças nos relacionamentos são vistas bem de perto pelos narradores, ora em primeira pessoa, ora pelo viés de um narrador que tudo conhece sobre as motivações dos personagens, desejos e intenções, no entanto, não torna esses acontecimentos explícitos, cabendo ao leitor alcançá-los por meio de conjecturas que se pode fazer entre a seqüência de uma história e outra.

No préfácio o jornalista Marcelo Andrade diz:

Espírito criativo! Ygor Moretti Fiorante utiliza todos os recursos da imaginação na sua obra. Descrevendo pequenos detalhes de cada cena, o livro Do Som ao Impacto deveria ser lido nas telas do cinema devido à leveza na descrição das imagens.

Os diversos contos, marcados por um fino suspense e uma boa dose de sentimento humano, conquistam o leitor, que durante a leitura, começa a interagir em busca de um espaço na história, para vivenciar a cena de perto, sentir o som e esperar pelo impacto que está para acontecer.

Do Som ao Impacto revela o talento de quem estudou e conhece o sentido de cada palavra. Embarque nesta viagem. 

e no site Indicando livros foi publicado uma crítica sobre o livro:
Trecho crítica Indiecando livros.

Tudo o que comecei a rabiscar no meu caderno para criticar em Do Som ao Impacto acabei riscando. Ele foi oferecendo cada vez mais, e no final, colocou um sorriso no meu rosto. Pensei: “Puta que pariu, Ygor Moretti é um ótimo, ótimo escritor”. Você já me ouvir falar isso antes, neste site? Não, né?

Do Som ao Impacto é uma obra curta, apresentando diversos contos entre três e sete páginas, mais ou menos, não completamente interligados, mas que se tocam em diversos momentos. Confesso que minha expectativa era de mais sexo e sangue, e me surpreendi com a certa delicadeza e poesia da obra. Não me entendam errado: Do Som Ao Impacto é forte, robusto, denso, e estranhamente belo. Me deu uma sensação familiar de nostalgia, como se falasse à um momento do meu passado, de imagens e sons de infância, sem nada que eu pudesse identificar como causador de tal sentimento.

Trecho de alguns contos:

My Funny Valentine

Os carros iam passando diante de seus olhos calmos, curiosos. Debruçada no banco traseiro, ignorava mais uma 
advertência de sua mãe a respeito de sua postura dentro do veículo. A menina observava os diferentes carros e pessoas que se aproximavam do automóvel de seu pai. Tinha enjoado de perguntar quanto do percurso ainda tinha de ser percorrido. 

Procurou outras coisas merecedoras de sua atenção.
As mãos apoiadas no queixo, de tempo em tempo, soltavam-se explodindo um sincero aceno em direção aos passageiros dos outros carros. Com o balanço de suas pequenas “mãozinhas”, seus lábios formavam sem emitir som a palavra “tchau”. Virou-se! Permaneceu sentada corretamente no banco de passageiro, do jeito que sua mãe queria que fosse. Decidiu que mais nada merecia sua atenção. Observando aquela natureza patética do interior de um automóvel adormeceu. 

Arqueiros imóveis, após a bola na trave!

Na bagunça costumeira do quarto tentava imaginar quantas daquelas roupas eu ainda usava... Quantos daqueles discos eu ainda ouvia, e qual livro na estante eu tinha lido. Impressionante como os fatos se unem, e os objetos tomam suas posições estratégicas, arriscando a construção de um resumo da vida. Quanto mais remexo nas coisas, sinto fremir o som da minha respiração ofegante, remexendo caixas num estado absoluto de ansiedade procurando por algo.

Encontro as diferentes épocas nos objetos que se mostram cheios de um significado implícito, subliminar. Medalhas antigas, canetas vazias, extratos, moedas... Em cada objeto, moram recônditos, “lembranças-esquecidas”.

Catorze Palavras Contadas

Escrever uma carta para minha família era apenas a transposição de algum texto para o papel. Aquela próxima mensagem tinha por objetivo ser enxuta e direta, ainda mais por tratar-se da morte de meu pai. 

Há tempos eu não o via, um tanto culpado e ferido, mas, no final, achava alguma justificativa para minha distância. 

Os meus erros e medos eram todos causadores deste vazio dos últimos três anos. Portanto, a manifestação mais viva de sua presença foi a carta anunciando sua morte. 

O Salto

No momento em que via aquele salto do alto da ponte... Durante o voo daquele desconhecido, lembrou-se de outro momento em sua vida, alguns meses antes, com movimentos menos ásperos ou plásticos, mas com a mesma finalidade pressionando enquanto pressionava e deslizava uma gilete sobre o punho.


Acompanhem na página do Moviemento ou na página do autor Ygor Moretti Fiorante do Facebook, novidades sobre o livro, book tour, sorteios e outros projetos...

Clássico dos anos 80, Robocop ganha remake nas mãos do brasileiro José Padilha, diretor de Tropa de Elite 1 e 2, que dá ao policial robótico, uma roupagem mais científica e moderna com entraves éticos, políticos e filosóficos a serem resolvidos. 

Após uma reunião com produtores, onde filmes eram oferecidos ao diretor, Padilha apontou para o cartaz de Robocop e perguntou sobre os direitos daquele filme, segundo Padilha, foi sempre sua vontade dirigir o longa e passados quase vinte anos de seu lançamento, já era hora de revitalizá-lo.


Proposta aceita, o diretor então convoca Lula Carvalho para a fotografia e o montador Daniel Rezende, juntos a equipe de produção e efeitos determinada para atualizar o personagem sem perder suas referências. 

Esse é o primeiro longa dirigido por José Padilha, fora do Brasil, mais conhecido por Tropa de Elite, o trabalho do diretor e roteirista ganhou destaque desde “Ônibus 174” (2002), Padilha foi responsável por diversos outros documentários, como “Os Carvoeiros” (2000), “Estamira” (2004) e “Garapa” (2009).  Desses trabalhos Padilha levou (na medida do possível), tanto para Tropa de Elite quanto para Robocop, características investigativas dos documentários.

Desta forma com roteiro de Nick Schenk, Robocop volta às telas para tratar entre outras coisas da ilusão do livre-arbítrio do individuo diante das grandes corporações e governos. Na trama o policial Alex Murphy após descobrir uma rede de corrupção dentro da policia é vitima de um atentado que explode seu carro e o deixa com mínimas chances de levar uma vida normal. 

Preso num resto de corpo que lhe sobrou, Murphy é visto como a grande oportunidade para Raymond Sellars (Michael Keaton), um mega empresário envolvido na indústria robótica ,usada para segurança social e militar ao redor do planeta. Raymond quer criar um “herói”, um personagem, um robô com consciência que possa driblar a lei que proíbe drones e andróides em solo americano. 

Enquanto o primeiro longa também abordava diversos temas  como tecnologia, ciência e segurança, só que de uma forma mais branda, quase imperceptível. O filme de José Padilha investe no leque de possibilidades e temas, sem, no entanto, se perder pelo caminho. Ao mesmo tempo em que somos conduzidos pelo drama do policial robótico, acompanhamos de perto outros conflitos de cunho científico como nos faz pensar o personagem de Gary Oldman e ainda Samuel L. Jackson vivendo um tendencioso apresentador de TV, que conduz parte da história através de seus discursos, como se fosse uma terceira camada do roteiro.

Mais conhecido do seriado The Killing, o sueco Joel Kinnaman faz um bom trabalho no papel principal do longa em meio a grandes nomes, não se intimida, dedicado durante a pré-produção enquanto os trajes e materiais eram testados, o ator se mostrou preparado para as cenas de ação mesmo coberto por uma verdadeira armadura. Ao redor de Joel, um elenco de estrelas, com atuações condizentes com a carreira de cada um, dá mais força ainda a produção. Gary Oldman, Michael Keaton e Samuel L. Jackson, são os nomes de peso do longa, que tem ainda as boas presenças de Abbie Cornish, Jackie Earle Haley (o Rorchark de Whatman) e Jay Baruchel

Daniel Rezende responsável pela montagem, esteve por trás de outros diversos trabalhos sendo indicado ao Oscar por “Cidade de Deus”. Além de “Diários de Motocicleta”, “O Ano em que meus pais saíram de Férias”, “Cegueira”, “As melhores coisas do mundo”, “A árvore da vida” e “On the Road”. 

Em Robocop, a montagem segue o ritmo rápido e turbulento das mudanças na vida do personagem principal, se por um lado a história se constrói de forma linear, os acontecimentos são mostrados na velocidade midiática que cerca as decisões políticas, descobertas científicas, programas de televisão e repercussão na sociedade. Tanto montagem quanto o roteiro de Nick Sckenk, são repletos de transições instantaneamente ligadas umas a outras, e aqui o personagem de Samuel L. Jackson ganha a importância de um narrador dentro da história a situar o contexto e diferentes interesses em toda a trama.

Lula Carvalho assume a direção de fotografia, mais um nome vindo da equipe de Tropa de Elite, que em Robocop trabalha com tons azulados e cenas bem iluminadas, bem definidas, o que de certa forma, junto da direção de arte, transmite o clima hi-tech em que os personagens estão inseridos, junto a isso a câmera se movimenta de forma rápida e em alguns momentos semelhante à visão que se tem nos games.

Por fim, nota-se as sábias escolhas do diretor José Padilha, que desde elenco à equipe técnica, acertou em cada uma das escolhas, um time talentoso que tratou cada detalhe do longa com primazia e fez com que esse remake, não parecesse obsoleto, mas consegue acrescentar valor ao que já foi feito, em parte como homenagem e noutra como um passo a frente na visão do diretor. 



Quem disse que não é possível voltar no tempo e fazer viagens para saber o que você andava fazendo um ano atrás?

Uma coisa é certa, tanto hoje quanto a um ano atrás, as chances de você estar fazendo a mesma coisa é bem grande, principalmente ao se tratar da vida dupla que levamos, a vida real, física e a vida virtual. Com essas duas cada vez mais estão se tornando uma mesma coisas, o aplicativo Timehop propõe justamente isso. Voltar no tempo um ano atrás e ver o que você estava postando no Facebook.

Inicialmente o aplicativo é para sistema Android e IOs, o que demonstra também outra rápida mudança, dos desktop para os celulares, um mundo macro cada vez mais micro.

Entre no site TIMEHOP , faça o download ou mande para o seu celular e reveja, para o bem ou para o mal o rastro que ficou láaaaaaaa atrás quase inalcançável em meio ao tsunami diário de compartilhas, likes, posts e tantas e tantas coisas que a nossa nova vida ocupa e domina os dias antes de sombra e agua fresca...


Continuando a "repuplicação" do material do Cinemista de onde colaborei, posto agora texto sobre "Crepúsculo dos Deuses", clássico obrigatório pra ver e rever.

Este é um trecho do diálogo que demonstra a situação financeira de Joe Gilliis, um fracassado argumentista que precisa desesperadamente dessa quantia para que o banco não lhe tome o carro, seu único bem material. Enquanto é perseguido por seus credores, Joe encontra a garagem de uma casa aparentemente vazia, é lá que deixará seu carro escondido até que tudo se acalme. No entanto o que parecia ser apenas uma mansão abandonada, é na verdade o castelo de decadência de Norma Desmond, estrela do cinema mudo esquecida pela “nova” indústria cinematográfica. Norma vive ao lado do mordomo Max que lhe serve não só como funcionário, mas como protetor do sonho, ou pesadelo em que esta insiste em permanecer.

Neste cenário quando os caminhos de Joe e Norma se cruzam surge a possibilidade de que ambos alcancem a redenção de suas angústias. Depois que Joe é confundido com um agente funerário contratado para o enterro do macaco de estimação da atriz, Norma vê no escritor a chance de voltar às telas e lhe contrata para reescrever um roteiro feito por ela. Por sua vez, o escritor vê naquela ambiente, uma temporada de paz, ganhos fáceis e a possibilidade de ter um argumento seu enfim aceito pelos estúdios. Um laço intenso e estranho vai se desenvolvendo entre os personagens e os envolvendo num relacionamento doentio e oportunista de parasitas que tentam usufruir daquilo que só encontram no outro.

Se em outro clássico do cinema, a transição do cinema mudo para o falado é vista de maneira alegre, colorida e dançante como em “Cantando na Chuva”, o mesmo não acontece no longa de Billy Wilder, que insere em Crepúsculo dos Deus, uma pesada carga de tensão e pessimismo. A trama se desenvolve através da narração de Joe Gillis fazendo diversas inferências durante todo o longa, refazendo o percurso que o levou a morte, como vemos na cena inicial do filme.


As atuações de Gloria Swanson (Norma Desmond) , Erich von Stroheim (Max) e William Holden (Joe), são os pilares do roteiro bem construído. Embora seja tido como um dos grandes clássicos do cinema, Crepúsculo dos Deuses é menos “badalado” que outras produções do diretor como “O Pecado mora ao Lado” e Quanto mais quente melhor”, no entanto Crepúsculo é um desses trabalhos que comporta e “pede” outras visitas de minuciosas observações, clássico, atual e atemporal.

Tim (Domhnall Gleeson) é um jovem introspectivo, que não tem lá muito jeito com as mulheres, namoradas etc... Quando completa 21 anos seu pai lhe revela o segredo da família; que os homens daquela família possuem o poder de viajar no tempo, bastando ir para um local escuro e pensar com afinco numa determinada época e pronto! Lá estará ele, desde que tenha vivido aquela situação, poderá voltar aquele momento quantas vezes quiser. 

Questão de Tempo é uma "comédia romântica" com um "Q" de ficção científica, “q” minúsculo na verdade, pois, mesmo diante desse grande feito dos personagens (viajar no tempo) e mesmo sem a presença de teorias científicas ou físicas para embasar o roteiro, embarcamos e acreditamos sem problema na história de Tim. De certo ponto, essas viagens no tempo são o que menos importa na trama, sendo de maior destaque e deslumbre o esforço que o personagem faz para encontrar sua cara metade e construir sua vida, familiar, profissional e sentimental. Será essa viagem que iremos acompanhar, suas inda e vindas e a conseqüência que cada mudança provocada no passado, terá no futuro.

A direção e o roteiro é de Richard Curtis, responsável por Quatro Casamento e um Fúneral, O Diário de Bridget Jones e Um Lugar Chamado Notting Hill, ao relembrar esses filmes pode-se imaginar o tipo de humor que veremos em “Questão de Tempo”, previsão que se confirma com um roteiro inteligente e personagens reais, que desde o primeiro instante nos faz torcer e nos reconhecer em cada um de seus dramas, dificuldades e trapalhadas. Passando pela boa atuação de Domhnall Gleeson no papel principal aos constantes roubos de cena que Bill Nighy (pai de Tim), provoca provoca quando está em cena.

Por fim a grande sacada de “Questão de Tempo” não está no ineditismo do tema, “viajem no tempo”, aja vista filmes como Efeito Borboleta, Alta Frequência, Feitiço do Tempo entre outros, mas sim no enfoque dado a esse tema mágico que perto da beleza dos detalhes de nossas vidas, fica parecendo normal, quase banal.