Trevas, um monolito preto, intransponível, im-pe-ne-tra-vel... Durante horas e as vezes dias, uma escuridão maciça e inorgânica. 
Em algum ponto do tempo transcorrido e desconhecido, sons de metal, gemidos, correntes e passos revelam a existência de salas adjacentes, por onde luzes opacas rastejam, rastreiam o chão em pequenos feixes de luz. Mesmo sem alcançar a sala escura, a pouca luz como uma explosão solar revela uma porta de ferro, trancas e cadeados. 
Lá dentro só silêncio e depois de segundos, escuridão novamente....

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É possível criar um texto sem personagem? Essa foi a proposta e desafio proposto pelo professor e escritor Ricardo Lísias, na CLIPE 2015.

Mais detalhadamente o desafio era imaginar um lugar fechado e narrar uma história sem personagem.
O Problema é que; ainda que não se tenha uma pessoa, animal ou qualquer outro ser no texto, uma cadeira, um objeto e até o nada pode tornar-se um personagem. 

Se fizermos uma busca quase em todo texto inclusive nesse acima, teremos algum personagem, ainda que de forme bem longínqua e subjetiva.

Em contra partida, nos dias a definição clássica que para ter um personagem, é necessário ter uma ação. Para não perder a graça vou deixar nos comentário uma informação a mais sobre o texto, sobre o que imaginei e onde se passa tal narrativa...

Aproveitando, deixo aqui o desafio, escreva uma história curta e sem personagem... 


Mais uma vez falando de design editorial e do trabalho que realizo através da Capitular Design. Sem perder o foco, arte, design e principalmente literatura. Abaixo exemplos de capas e livros que tanto no tema do livro quanto na capa, tratam de um mesmo tema em comum; A viagem no tempo e espaço.

Em OS DONOS DA VIDA o desafio era transmitir as várias informações do briefing, numa única imagem. A história gira em torno de viagens no tempo, e mudanças do personagens conforme essas viagens vão acontecendo. A busca foi deixar na mesma imagem, elementos clássicos e futuristas ou modernos.

Em O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E SUAS ALÍQUOTAS de Marcelo Reis, o briefing indicava uma outra situação temporal, de passado e presente. Buscando retratar a antiga alfandega no Rio de Janeiro do Brasil Imperial, até os dias de hoje na sede do Mercosul em Montevideu.
Além do quadro, retratando uma situação rotineira daquele contexto, há ainda o mapa da cidade quase como uma marca d´agua, que colabora com a composição da capa.


Já em PORQUE NÃO EXISTE MAGIA MAIOR QUE O AMOR, também lançado pela editora simplissimo, existe a questão temporal, mas que não precisou ser retratada na capa. 
Esses são alguns exemplos de capas, projeto da CAPITULAR DESIGN empresa que realiza projetos gráficos e editoriais, para autores e editoras, além de diversos trabalhos gráficos.



UMA OBRA PRIMA FEITA DE ELEMENTOS AUTOBIOGRÁFICOS E DE SONHOS


Em Fellini 8 ½ o cultuadissimo diretor italiano Frederico Fellini admite que sua obra possui elementos auto-biográficos, porém insiste que tais elementos estão no filme de forma superficial. No entanto toda a obra de Fellini é marcada por um rigor autoral.

No longa de 1963 juntamente com um material biográfico, Fellini inseri diversos devaneios, sonhos, imagens e situações surreais criadas pelo diretor. A riqueza dos mundos criados por Fellini perpassam os sonhos, as loucuras e também o mundo circense, são elementos recorrentes em toda sua filmografia marcada pelo inusitado e pela perturbação de questões supra-humanas.


Fellini 8 ½ conta a história do diretor Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) que vive um momento delicado em sua carreira, sem saber como dirigir seu próximo filme, vivendo uma crise de inspiração, pressionado pelos produtores e ainda num caldeirão de incertezas entre a esposa e sua amante. Em meio a isso Guido tira férias e viaja para uma estância hidrográfica onde irá buscar a paz necessária para realizar seu próximo trabalho. Mas não é o que acontece, amante, esposa, cunhada, produtores e diversos fantasmas e lembranças do passado insistem em perseguir Guido tornando seu trabalho infértil e doloroso.

Esse é o tema do longa, vencedor de dois Oscars de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Figurino, recebendo ainda outras indicações; Melhor Diretor; Melhor Roteiro Original e Melhor Direção de Arte. Fellini retira o-que-ser-contado a partir do nada, insiste em metalinguagem, um filme sobre a criação de um outro filme, como o próprio diretor confessa, esse trabalho remete a fase pela qual ele passava, um bloqueio criativo que paralisou momentaneamente seu trabalho.


Nos extra do DVD lançado pela versátil, entre entrevistas, making of e outros materiais extras, há um texto onde o diretor descreve o drama vivido, quando era cobrado e aguardado ansiosamente por todos envolvidos no projeto sem que estes soubessem que suas carreiras corriam perigo. Frederico Fellini é um ícone do cinema mundial, toda sua obra é obrigatória para cinéfilos e aspirantes a diretor, roteiristas e enfim a quem quiser conhecer um trabalho árduo e repleto de arte.

Critica originalmente publicada no O Cinemista Cinecult, Felinni8/1