Mais um trabalho feito pela Capitular Design para a editora Simplissimo, Coração Impubere - Os versos perdidos - de Milena Ramos. Livro disponivel no site da editora.

Resumo do livro: 
Este é um livro de poesias metafísicas, surreais, ideais e tudo aquilo que a imaginação do leitor desejar sonhar. Reflexivo, tem a pretensão de ser um livro de cabeceira, levando - nos a navegar por mares nunca dantes navegados". Escrevo desde muito cedo e, adolescente, tive uma fase bastante sombria e gótica

Comentário sobre a capa:

Um briefing que definia uma capa forte e sensivel ao mesmo tempo, uma literatura densa, metafísica e metalinguistica, e delicada ao mesmo tempo. O título ajuda bastante a construir a imagem. Texturas e jogo de luz para trabalhar com a força e delicadeza do gótico sem deixar nenhum nem outro sobressair por demais.


Texto para exercício de escrita do Clipe - Casa das Rosas:
Escrever uma carta de amor durante um incêndio.

Queria deixar uma carta que não fosse apenas um recado na porta da geladeira;

Tire a carne do freezer / lave a salada / Recolha a roupa do varal!

Mas deixasse claro que isso não foi suicídio nem terrorismo. Fatidicamente você irá lembrar de quando eu disse que ia explodir o prédio se ninguém da administração resolvesse o vazamento. Quando fico nervoso só falo merda, você sabe disso. No fim você tinha razão, eu sou mesmo distraído, odiava ouvir isso e repudiava quando você dizia achando graça de mais uma atrapalhada minha. Pois bem, foi essa “qualidade” que me fez esquecer o gás aberto e aí já viu…

Agora mais uma explosão destrói por completo a área de serviço e cozinha, e pensar que por capricho seu trocamos todo o revestimento e precisei carregar mais de dez caixas pesadas de material no deposito. Pelos ares também vão as roupas e minhas cuecas que secavam no varal. Você insistia para eu não lava-las durante o banho, pois nunca ficavam limpas de verdade. Mas eu me sentia mal em deixar lá misturada com as outras roupas, principalmente quando são cuecas brancas.

Um calor forte já alcança o quarto do meio, onde você aceitou que eu montasse o meuBUNKER, eu brincava que ali era acesso restrito, nem mesmo você poderia entrar, no máximo bater na porta e deixar o café.

Não vou pular pela janela nem tentar escapar pela porta já tomada pelo fogo, estou entre livros, cds, a prateleira que a muito custo montei, toda torta e com dezenas de pregos extras pra compensar a minha falta de habilidade com ferramentas. Cada objeto desses guarda uma lembrança, um passeio ou viagem que fizemos.

Agora não enxergo mais nada, a fumaça já envolve tudo e o gás carbônico substitui o oxigênio. Não deu tempo de comprarmos um umidificador, acordávamos sempre com a garganta seca, nem flores conseguimos cultivar, deixei morrer um Bonsai, presente de minha mãe, e até o cacto consegui a façanha de deixar morrer seco.

Esqueci de arrumar a cama do quarto, acabei de lembrar, agora já é tarde, tarde pra tudo, inclusive para trocar os presentes repetidos que guardamos dentro do armário. Tinhamos três panelas elétricas, demos uma pra minha mãe que sempre quis ter uma, Presenteamos a Nat e o Rafa, adorei o casamento deles, você ficou se escondendo das fotos, mas estava linda naquele vestido roxo, que aliás aqui entre nós, foi uma pechincha né? Caramba por falar nisso esqueci de tirar foto dele pra postarmos no site de venda online. Voltando às panelas elétricas, ficamos com a terceira e antes tivéssemos usado e abusado desses eletrônicos, salvo algum curto circuito, a chance era bem menor de terminar assim tudo em fogo.

Contudo, mesmo aqui nesse inferno, consigo controlar a raiva que sinto de tudo o que é contrário a minha vontade, não que eu esteja feliz com esse desfecho, mas pensar em você foi minha proteção contra incêndio, até onde deu pois a partir de agora é só ardor sem fim, chamas e cinzas depois. Tristemente você não saberá dessas palavras e pensamentos pois o que deu tempo de escrever foi mesmo um bilhete de geladeira que envio pelo whats:

Amo você, desculpe pela distração, esqueci a porra do gás ligado!

Acordava dez minutos mais cedo do que ela, fazia a barba e já entrava no banho quente. Antes de sair deixava a água cair nas costas, enquanto enxugava os braços e cabelos mantendo a cabeça inclinada para frente fora dágua - Que se dane o desperdício eu que não vou passar frio. Decretava.

No quarto ligava o rádio na estação que anunciava a hora de minuto em minuto. SEIS HORAS E CINCO MINUTOS! REPITA! SEIS E CINCO! 

Cala a boca já sei… Dizia vagarozamente enrolado ainda num mal humor matinal.

Seguia para a cozinha, já num tempo futuro em relação ao da esposa, deixando o trafego do banheiro e closet liberado.
Caneca de café esquentando no microondas e duas fátias de pão na torradeira, terminava de guardar carteira, óculos e outros acessório na bolsa e voltava para a cozinha no exato momento em que o microondas apitava pi-pi-pi - Já vai oh escandaloso! Quase sempre brigava com o eletro-doméstico. 

Mastigava rápido e tomava o líquido aos poucos enquanto ia esfriando, do banheiro ouvia o som de um volume pesado de água caindo no chão. - Já está enxaguando o cabelo. Detectava e iniciava os preparos para servir o café. Sempre lembrava de quando ela ela lhe pedia um copo dágua, repetindo quase sempre a mesma brincadeira; 37% gelada e 63% natural… 22% gelada e 78% natural… Só mudando a porcentagem da mistura, simulando um autoritarismo que ela não tinha.

Enchia metade da caneca com leite desnatado, uma rasa colher de chá com café soluvel, o bastante para “sujar” o leite. Evitava as grandes temperaturas e o risco de “criar” nata, ela odiava. Uma fatia de pão tostado e uma fina camada de margarina, dando aquele aspecto amarelado se impregnando no pão.

SEIS E MEIA!............ REPITA!............SEIS E MEIA! O rádio lhe informava novamente.
Puta merda vou me atrasar de novo! Se assustava, dessa vez agradecido pelo aviso do amigo invisível.

Na bandeja modesta e economica, levava bem menos do que gostaria de entregar; pensava em grandes e recheados pães de queijo, um largo e alto copo de suco natural, torradas e pasta de amendóin ou doce de leite, mas aquele não era dia de exageros.

O café estando amargo ou fraco demais, ela sempre dizia que estava bom, numa voz molenga num lento e pesado despertar. Assitia aos primeiros goles e primeiras mordidas enquanto do outro comodo vinha o alarme: - SEIS E QUARENTA!... REPITA!.....SEIS E QUARENTA!

O corpo tremia num sobre-salto, como se fosse dividir-se ao meio entre aquelas duas realidades ou caminhos, dava um mínusculo passo a trás como se fosse ir embora, retornava rapidamente na direção dela, dava um beijo no rosto quase competindo em espaço com a caneca junto a boca.

Tchau, vou indo, dizia de perto sentindo novamente o cheiro do café misturado ao hálito… - Tchau, dizia ela baixinho. Obrigado! dizia mais baixo ainda, agradecida e quase constrangida por todos os cuidados que ela sabia, vinham juntos de todos os pequenos gestos e medidas…

Três capas que gostei bastante de fazer e gostei também do resultado, nesses casos o briefing era bastante extenso, mas bem descritivo, o que dava muita liberdade e continha muitas informações, não necessariamente sublineares mas adicionais, o que penso, que torna o trabalho do capista tão mais desafiante e produtivo. Algumas capas, ou melhor dizendo alguns briefings chegam com pouca informação e o pior; uma idéia já pré-formulada. Diminuindo as possibilidades drasticamente. 

Díficil e nem quero tentar definir o que é uma capa de livro, não é um resumo, nem mesmo uma tradução, mas acredido que uma terceira leitura do livro que junte informações e objetivos de lados diferentes, autor-editor com a mesma finalidade que é fisgar o leitor...

O Quinto Elemento:

Gabriel é um jovem paladim. Certo dia ele acorda com poderes que nunca pensou existirem, habilidades sobrenaturais... A partir desse momento sua vida muda completamente: os seres humanos passam a se dividir em raças e ele descobre uma cidade só para pessoas especiais com um dos cinco elementos. Logo percebe que mesmo nessa sociedade, ele não é normal... tem a habilidade de controlar todos os elementos e uma antiga profecia começa a controlar sua vida - a responsabilidade sobre o futuro da sua raça está em suas mãos, e ele tem que evoluir antes que a sociedade chegue a um desfecho.



Escapando da Depressão: 

A intenção, ao divulgarmos esse livro, é permitir que os caros leitores (sejam crianças, adolescentes, adultos ou idosos) possam, caso estejam passando ou conheçam alguém que esteja vivenciando problemas relacionados à ansiedade e a depressão, vislumbrar alternativas para poder superá-la. Traremos, nessa obra, exemplos de personagens bíblicos que estiveram em situações muito deprimentes e melancólicas, mas que, com as orientações divinas, conseguiram se impor diante das adversidades, dando um outro sentido para as suas vidas. Acreditamos que, se esses homens e mulheres obtiveram êxito, qualquer um poderá ter, desde que coloque em prática os princípios estabelecidos pela palavra de Deus.



AVC aos 47 Anos: 

A história do AVC sofrido pelo autor em 30 de março de 2011. Arlindo acabou por sofrer as consequências da irresponsabilidade com a sua saúde e teve a sua vida drasticamente alterada, com início de uma grande batalha contra as limitações que passaram a ditar a rotina em sua vida, com a reconquista de detalhes normais a qualquer pessoa, como falar, andar e trabalhar novamente. Se buscou, principalmente, dar crucial e rara ajuda no trato com os pacientes do AVC e demonstrar toda a série de providências a serem tomadas para melhorar, e muito, o atendimento dos pacientes do AVC, na ótica importantíssima de quem sofreu um AVC Hemorrágico grave, mas conseguiu retornar para lutar pela melhor qualidade de vida dos seus iguais e advertir quem se expõe, gratuitamente, à esse terrível mal.

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Pegue uma ou duas folhas de caderno, marque 10 minutos no relógio, e de a partída: Escreva por 10 minutos sem parar, sem pensar, escreva, escreva e escreva, não deixe a mão parar nem que fique escrevendo a mesma palavras algumas vezes. Passe o que estiver na sua mente para o papel, use o gatilho Nesse Momento (ou outro que quiser) para começar o texto e vá em frente!

Abaixo a minha experiência com 10 minutos frenéticos de escrita desenfreada...

Nesse Momento

Nesse momento estou pensando antes, durante e sobre o que vou escrever pelos próximos dez minutos. Sem saber muito bem o que, exceto o gatilho dado, nesse momento, nesse momento...

Talvez repita nesse momento, nesse momento por dez minutos e talvez noutro momento os críticos ou filófosos do nada vão achar zilhões de interpretações para isso que faço nesse momento, sem intenção alguma...
Mas não vou apelar ou ser o chato que não sabe brincar, até porque o gatilho desse momento ajuda mesmo o pensamento a seguir uma trajetoria em linha reta, constante, sem perder a velocidade, como se disparasse do três oitão cinco tiros: nesse momento nesse momento nesse momento nesse momento nesse momento.

Nesse momento em que algumas linhas já foram escritas, o ato de escrever é também físico, matemático com alguma coisa de astrologia ou astronomia pra tentar desvendar quanto tempo já passou.
Porém se a ideia era um texto não pensado, alguma sentenças prontas, clichês talvez, já rodeiam a mente, na falta de algo, e não querendo repetir de-no-vo nesse momento,  taco uma dessas frases que estão em orbita por aqui.

Não são sentenças muito boas, mas olha só sem nem mesmo serem usadas, já estão me garantindo algumas linhas e alguns segundos de escritas, por outro lado, no meio dessa metralhadora de pensamentos, qualquer coisa que apareça assim mais ou menos trabalhada, vai parecer fruto de uma verdadeira arquitetura literária. Mas não vai ser agora, não nesse momento (putz mais um tiro), fica aqui por enquanto você que não arquitertura literaria coisa nenhuma né... Vamos combinar né? Tá mais pra uma barraca de camping que num salto, pronto, tá de pé, montada. Mas fica aqui por perto talvez use metade de você, ou uma palavra solta.

Má noticia, talvez eu nem lhe use (frase pronta), mas é bom ter você por perto, só que não será nesse texto, não, não agora, desculpe, não nesse momento...


Projeto gráfico da capa do livro Filosofia, Os Autores, As Obras de Jacqueline Russ, lançado pela editora Vozes.

O desafio para esse projeto foi condensar anos e anos de filosofia, autores, obras, referências, etc.
Não se trata de um guia ou enciplopedia, é um trabalho mais profundo, embora não exclua nenhum público, é voltado mais para estudantes, profissionais e pesquisadores da área.

Resenha:
 
Vinte séculos de Filosofia não poderiam, evidentemente, ser apresentados com uma conclusão definitiva, e ainda mais que nos encontramos em um momento de transição, particularmente perigoso e obscuro. No entanto, esta obra oferece ao leitor uma síntese importante e didática e permite algumas observações sob a forma de um "balanço".





Nesse exemplo de capa de ebook para a Editora Simplissimo o trabalho é um pouco o inverso, aqui apostei no poder de uma ´nica imagem, que como tal, posta num determinado contexto e objetivo, fala por sí só. A partir daí fica um outro desafio, de deixar a imagem fazer o serviço "sozinha" sem maiores "intromissões" do designer. Tipografia limpa, linhas retas e bem claras, e um pequeno diálogo entre o elemento verde da imagem e informações "menores" do livro como subtítulo e autor, dando mais destaque ao título do livro.

Abaixo, resenha do livro:

Tentamos angariar forças, conhecimentos e habilidades que nos permitam subir a patamares já alcançados por outros indivíduos e assim, pensar que somos pessoas de sucesso. O sucesso é um parâmetro complexo, relativo e abrangente, mas uma coisa é certa: os princípios para alcança-lo serão sempre os mesmos porque a essência humana, apesar das diferenças culturais e de costumes, é a mesma. “Mexeram no meu sucesso!” é uma parábola com princípios aplicáveis para todos aqueles que desejam alcançar sucesso em qualquer área profissional ou em qualquer fase da vida. 

Nela, a vida de cada leitor esta representada por uma pirâmide, os patamares a serem alcançados pelos andares, os caminhos escolhidos pelas portas ou escadas, e o sucesso... ah! o sucesso... por aquilo que você quiser enxergar dentro de “sua” pirâmide particular como sucesso. Para ler, pensar e refletir. Este livro poderá auxiliar na descoberta de aonde se esta e aonde se quer chegar. Temos um início, mas não conhecemos nosso final. Enquanto temos vida, devemos avançar antes que seja tarde.

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CINEMA ARGENTINO SE FAZENDO ENTENDER

Crítica originalmente publicada no O Cinemista na coluna Cinecult - Um Conto Chinês
Um jovem casal chinês em um barco. Ele se prepara para pedi-la em casamento. Neste momento, os diálogos em mandarim não são traduzidos. Entendemos a cena de uma forma superficial, mas não incompleta, estabelecendo conexões com certo significado universal, jovens namorados-cena romântica-aliança-pedido de casamento. Até que uma vaca cai do céu e atinge a moça, destruindo o sonho do rapaz e obstruindo qualquer construção de sentido.

Essa é a cena inicial de Um Conto Chinês, longa argentino dirigido por Sebastián Borensztein e estrelado por Ricardo Darín no papel de Roberto, um solitário e rabugento veterano da guerra das malvinas. Roberto tem uma vida pacata, dono de uma pequena loja de ferramentas, se conecta com o mundo através de sua coleção de noticias estranhas recortadas de jornais, até que certo dia Roberto e Jun se encontram. Jun, o chinês da primeira cena, aparece perdido naquele país, com rumo incerto a procura de um tio do qual não sabe muito, sem saber uma palavra sequer do idioma e costumes daquela terra. Num momento raro de bondade e disposição, Roberto decide ajudar o jovem chinês, sem saber que terá toda sua rotina mudada e, a partir dali, outra vida.

O longa é mais um exemplo de como o cinema argentino tem constantemente alcançado um patamar único no cenário cinematográfico, realizando produções que tem sido sucesso de crítica e público, trabalhos acessíveis mas não superficiais, artísticos mas não herméticos, como parte do cinema europeu.


“Um cuento chino” demonstra uma das habilidades do cinema argentino que o faz tão cativante, mostrar a comédia que há dentro de cada drama ou o contrário, o drama contido em cada comedia. Por incrível que pareça, vacas caindo do céu, o encontro e a convivência inusitada de um argentino e um chinês foram baseados em fatos reais.

Entre tantos pontos positivos, talvez o mais interessante de todos seja a límpida comunicação estabelecida entre filme e público, que se constrói através do hiato de comunicação entre os personagens. Diante disso, público e personagens estarão unidos num mesmo gesto, num mesmo esforço de entender e se fazer entender.

Pagar as contas
revisar os contos
limpar os cantos 
ouvir o canto.


Necessidade urgente de valores
pungecia de perícia
limpidez iminente
som premente.