"Os Arqueiros não se movem após a bola na trave" Parte 2
- Lembro que comecei com a bola, meticulosamente ajeitei a palheta mais para o lado esquerdo do botão, um toque sutil a bola rola devagar parando na frente de outro jogador vindo da direita. Foi como Carlos Alberto Torres na final em 70. Anuncio: -Pro Gol! Meu avô permanece parado. - Vai arruma seu goleiro! Ele faz um movimento qualquer não alterando muito a posição do arqueiro. Miro, abaixo a cabeça rente o campo, posiciono a palheta um pouco a direita. O botão sai meio torto da direita para esquerda atingindo a bola levando-a para o canto direto do goleiro que só a observa bater na trave e sair pela linha de fundo.
Se ela ainda tivesse voltado ao campo eu teria direito a mais um movimento batendo pro gol se quisesse, sem que meu avo pudesse movimentar seu goleiro, era umas das regras que eu mais gostava no futebol de botão, mais que o gol, torcia para que um lance desse acontecesse a todo momento.
Tiro de meta. Meu avõ mais uma vez perdido. - Pode ser com o goleiro, bata na bola pra frente. Ele o faz sem o menor jeito e a bola vem direto para o meu zagueiro no campo de defesa. Este a domina, descola um lançamento preciso até o ponta esquerda que recolhe, domina e dá um passe rápido para o centroavante que corre por trás da zaga ficando sozinho com o gol a sua frente.
Pro Gol!!! Anuncio de forma enérgica, ainda não acreditando no capricho da bola na trave do ultimo lance. Um chute forte, seco, direto, a bola ultrapassa o goleiro e estufa a rede...
Não me lembro qual o placar do jogo, fui me afastando e deitei no sofá olhando a cena, adormeci. Fui acordar já era noite.
-Minha mãe ainda não voltou? Perguntei, tendo como resposta somente um silêncio e os passos dos dois parecendo fugir caminhando em direção a cozinha. Corri em direção a janela e lá fiquei observando a rua vazia.
- Menino venha jantar saia daí!!! Ordenava a prima Dora.
Durante este curto espaço de tempo pude ver um vulto lá fora, era um carro e percebi que ele parou um pouco mais a frente, só me restando a fumaça vinda do escapamento. Com duas malas pesadíssimas, os ombros arqueados, um rosto cansado pedindo ajuda, minha mãe apareceu, deixando cair uma das malas.
Eu recuei durante um momento, sem deixar ela me avistar, ela repousou a outra mala na calçada de frente para a casa e se direcionou para tocar a campanhia, eu agora sabia! Ela tinha voltado!!! Não sei e nunca soube onde ela fora, se estava em seus planos voltar e o que a fez voltar. Também nunca pude imaginar o que a faria partir.
Fui correndo em sua direção, no contorno da sala acabei pisoteando um dos botões, continuei correndo como louco em direção a minha mãe. E lembro mais que tudo, de forma intensa, da textura de seu vestido. Então corri e deixei-me cair em seu colo seguro e delicado.
Eu não fazia questão de ter nenhuma pergunta respondida, nenhum novo time de botão, no momento seguinte em que nos colamos abraçados toda insegurança se tornou um sentimento menor quase sem motivo...
- Pauloooo!!! Vem jantar!!! Num salto, num susto estou de volta no meu quarto enquanto minha mãe me chama para o jantar. Mas cá está a lembrança e junto desta certo medo, medo inevitável, que tanto me alerta quanto me envergonha. Cá está ainda uma dúvida, dúvida que só me agita a cada dia. Assim tento então buscar a velocidade ainda não alcançada ao seu encontro, a verificação se ela ainda estará lá. Larguei as coisas espalhadas, e desci as escadas correndo, num peito juvenil, tento sempre, todos os dias, chegar mais rápido junto dela e concretizar o que para mim se tornou um maravilhoso e incerto abraço...
FIM
Ygor Moretti
DE VOLTA AO FOLHETIM...

Era através do folhetim que muitos romances hoje conhecidos como clássicos da literatura eram lançados antigamente lá pelo início do século passado. Sem mais delongas... Aproveitando o Post sobre o filme "O ano em que meus pais sairam de férias" vou publicar um conto que escrevi já à algum tempo que contem certas particularidades com o filme. E me refiro aos folhetins porque mesmo tendo "adaptado" o conto cortado cerca de três páginas, acredito que ainda assim ficaria grande demais, cansativo demais para uma leitura de um folego só. E no mais, na pior das hipoteses garantirá a espera e a visita do internauta mais curioso que queira saber o fim da história ainda que o texto lhe pareça de baixa qualidade...
Os Arqueiros Não se Movem Após a Bola na Trave - Parte 1

Meu quarto estava bagunçado como de costume. Vou remexendo em caixas de papelão procurando algo freneticamente. Medalhas antigas, canetas vazias, extratos, moedas, lixo. Ao encontrar com aqueles objetos pensamentos recônditos, “lembranças-esquecidas” vinham a tona.
Apanho um objeto do chão, é uma bola de feltro, branca e azul, uma bola, pequena de dois centímetros usadas nas disputas de futebol de. Felicidade então, nada de nostalgia, me acalma saber da ineficiência do tempo sobre a destruição de certas coisas.
Impressionante como uma lembrança está ligada, acorrentada a outras, quanto mais se tenta esquecê-las, evitá-las, mais elas vem e insistem usando de todos os meios, para serem revividas.
Assim lembrei daquela terça feira. Eu e minha mãe tomamos o primeiro ônibus para Santo Amaro, “Largo Treze de Maio”, parada na barraca do Tião, dois reais e trinta centavos, um novo time de botão. Pegamos o ônibus e chegamos a casa de meu avô. Espere aqui na garagem. Disse minha mãe.
Fiquei ali esperando enquanto meus olhos engenheiros logo começaram a estudar o plano da garagem para um futuro “estádio” quando ouvi o chamado de minha mãe.
-Olha... - Você vai ficar aqui ok? Preciso resolver uns assuntos, talvez demore, comporte-se mocinho! Nesta ora suas mãos se enrijeceram em meu rosto, e soltaram-se depois em um carinho rodeando minha cabeça e descendo sobre meu rosto.
Com um movimento firme da cabeça despediu-se da mulher que nos atendia e seguiu em passos largos para a rua onde um carro acabara de chegar, cheio de malas e um sujeito apressado. Corri até a janela. Ela pôs um pé dentro do carro e virou como se soubesse da minha presença observando. Voltei-me para sala ao mesmo tempo em que meu avô repousava seu jornal no colo. - Vem cá menino, disse ele levantando um dos braços.
-Olha Prima! Como é parecido com ele!!! Lembro-me bem dessa cara, cara de sonso, mas esperto que nem o diabo... -Tá com sede? Quer suco? Quer comer alguma coisa? Tem biscoito aí Prima!!?? – Mesmo sem eu ter respondido, veio o suco, veio o biscoito e dois copos.
-Como é seu nome? - João Paulo. Respondi sem gastar mais nenhuma palavra. - Quantos anos você tem? - Nove. Sabe quem sou eu? - Meu avô, continuei respondendo na mais absoluta economia de palavras.
- O que você tem aí na mão menino? - É botão. - Me dá cá, deixa eu ver isso.
- Esse aí ó, indiquei entusiasmado. É o São Paulo... - Ele conseguiu fazer você virar São Paulino? disse meu avô ao me ver naquele estado me referindo ao time. -Tá bom e como se joga isso, perguntou meio irritado por não saber e um tanto entusiasmado por querer saber.
-Primeiro tem que ter um campo. Pode joga aqui? perguntei apontando a mesa de centro da sala, a essa altura já havia me esquecido das lajotas verdes da garagem.
- O Prima!!!! Tira essas coisas daqui ó!!!! Ordenou meu avõ.
- Pera aí vô. Um ritual burocrático antes do inicio da partida. - Primeiro eles tem que cumprimentar a torcida. Explicando ao meu avô. -Agora tem o aquecimento e depois as entrevistas, faz assim oh. E movia rápida e freneticamente alguns jogadores em espaços curtos dentro do “gramado”.

Fim da primeira parte
Ygor Moretti


Bom galera to tentando atualizar o blog uma vez por semana, assim não fica muito tempo parado e nem eu fico por demais pressionado, é o tempo de fazer um texto legal de um tema bem selecionado e uma revisãozinha básica ( só basica mesmo porque sempre passa uns errinhos). Enquanto isso vai ai um divertido jogo pra cinéfilo nenhum botar defeito, claro que vão dizer que faltou aquele ou este filme mas de forma geral tá bem legal. Estou falando do jogo Música de Filme visitem o endereço http://www.dreampix.com.br/jogos/filmes/ são 64 músicas que temos que identificar de que filme são. Muito legal, ah ja pedindo uma mãozinha ta faltando pra mim a 48, 61 e 64 quem souber por favor dá uma dica ao menos hehehe.
(a 61 ja descobri heheh faltam duas).
Ygor Moretti





“O Ano em que meus pais saíram de férias” – O Mal sorrateiro da Ditadura

O ano é 1970 dias antes da Copa do Mundo disputada no México, quem não sabe o que aconteceu e não lembra orgulhoso de tantas jogadas e tantas “imagens” que viraram ícones da história do futebol; a defesa de Gordon Banks no cabeceio de Pelé contra a Inglaterra, os dois gols que Pelé não fez contra a Tchecoslováquia do meio-campo e contra o Uruguai após um brilhante drible de corpo. Jairzinho, Tostão, Rivelino, Gerson, Carlos Alberto Torres... Saudade até em quem só os viu por tapes como eu... Mesmo injusto paremos por aqui na escalação de um time dito por alguns ou melhor por muitos como o melhor de todos os tempos. A ditadura vive seu ápice com o governo Médici. Nesse contexto o país aguarda o início da Copa e como desde sempre o país da uma pausa em tempos de Copa do Mundo e Carnaval. Acompanhando a nação desde algumas décadas a ditadura se fazia presente na vida das pessoas, ainda que elas não tivessem tal consentimento, suas vidas eram sim influenciadas pelo regime militar.

E foi dessa maneira que ocorreu com o garoto mineiro Mauro (Michel Joelsas) de 12 anos, apaixonado por futebol e jogo de botão. Certo dia foi levado as pressas para a casa de seu avô em São Paulo, local onde ele iria ficar enquanto seus pais estivessem de “férias”. Esse é o tema e a premissa do filme do diretor Cao Hamburger, a história do conturbado ano de 1970 e daquele contexto contada através dos olhos de uma criança obrigada a amadurecer de forma repentina.

Durante a viagem para São Paulo, Mauro e seu pai (outro fanático por futebol) discutem sobre possíveis escalações da seleção (dizia-se que Tostão e Pelé não podiam jogar juntos). Bia (Simone Spoladore) e Daniel (Eduardo Moreira) são dois ativista fugindo da ditadura, antes de partir vão deixar Mauro com seu avô Motel (Paulo Autran). Após uma rápida despedida o menino é deixado só, bate no apartamento do avô e ninguém atende. Horas depois fica sabendo por meio do vizinho Shlomo (Germano Haiut) que entre a saída da família de Minas e a chegada em São Paulo Motel havia falecido. A partir daí é o próprio Shlomo um vizinho que se prontifica de cuidar do garoto sem saber ao certo os motivos que o levaram ate ali e o paradeiro de seus pais.
Mauro é acolhido pela comunidade em sua maioria judaica que habita a região do centro de São Paulo. Em sua nova realidade vai fazendo amigos, fazendo descobertas pertinentes a sua puberdade, jogando pelada na rua e torcendo pela seleção brasileira na Copa do México, sem jamais esquecer de seus pais, procurando saber quando estes voltarão de suas férias.

“O Ano em que meus pais saíram de férias” não é “mais um filme sobre a ditadura militar”, por mais que tenha o regime militar como o combustível de toda a história, seu enfoque é diferenciado do restante dos outros trabalhos a cerca do tema. Ao lado do chileno “Machuca” e do argentino Kamchatka “formam” um trilogia latina da ditadura partindo do ponto de vista de uma criança.

O Filme não peca por visitar um tema constantemente abordado pelo cinema brasileiro, qualquer filme ou história de modo geral necessita de um “porque” ser contada, e nesse ponto o filme de Cao encontra motivo para ser realizado. Não é um filme inteiramente sobre a ditadura e tão pouco um filme que ameniza a pressão exercida pelo regime militar, mas mostra um outra faceta da história, de como conviviam com as pessoas que não eram tão politizadas quanto os combatentes e ativistas de esquerda. Posto que mesmo hoje em dia a grande maioria mantém-se apolítica, não é exagero dizer que muitas pessoas não perceberam suas vidas modificadas pelo regime (vale ressaltar que o não perceber não significa que não modificava). Esse é momento do país, sobre tudo durante a euforia de uma Copa do Mundo alguns podem dizer um ópio para o povo ou um momento de alegria e esperança de um “caso” que dura até os dias de hoje.
No entanto, “O Ano em que meus pais saíram de férias” não é um filme sobre a relação do povo brasileiro com a sua seleção de futebol, é um retrato do mal sorrateiro, que de forma explicita e em outros momentos implicitamente, deixou uma marca na história do país e principalmente das pessoas, é justamente isso, o mal que pessoas “normais” direta ou indiretamente sofreram com a ditadura militar.

O diretor usou na maior parte do elenco atores desconhecidos, destaques para o garoto Michel Joelsas (Mauro) e Germano Haiut (Shlomo), com isso a história ganhou maior veracidade. Ainda que as atuações não sejam espantosamente ricas, não comprometem o andamento do longa.
Este é o 2º filme do diretor Cao Hamburger. O anterior foi Castelo Rá-tim-bum (1999). O roteiro tem a mão de Bráulio Mantovani de “Cidade de Deus”, baseado em história original do próprio Cao Hamburger e Cláudio Galperin.
Os diálogos são ótimos, divertidos, saudosistas e melancólicos ao revelar o contexto da época. As falas em off do personagem Mauro são também interessantes, enquanto o garoto “divaga” e questiona as “férias” de seus pais ou o significado da palavra exilado a qual ele mesmo aplica um novo sentido.

A direção de Cao Hamburger responsável não só pelo longa metragem Rá-tim-bum mas pela série exibida na televisão acompanha bem o espírito infantil que dá ritmo a história, ainda que tenha utilizado certos clichês de filmes com uma criança como ator principal, ou nos movimentos da câmera, “O ano em que meus pais saíram de férias” é um trabalho limpo, acessível sem ser superficial.

Ygor Moretti

“O Ano em que meus pais saíram de férias” – Nas Locadoras

Ficha Técnica
Título Original: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias
Tempo de Duração: 110 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2006
Site Oficial: http://www.oano.com.br/
Direção: Cao Hamburger
Roteiro: Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert e Cao Hamburger, baseado em história original de Cláudio Galperin e Cao Hamburger

ElencoMichel Joelsas (Mauro)
Germano Haiut (Shlomo)
Daniela Piepszyk (Hanna)
Caio Blat (Ítalo)
Paulo Autran (Mótel)
Simone Spoladore (Bia)
Eduardo Moreira (Daniel)
Liliana Castro (Irene)

Babel de Alejandro Iñarritu

Utilizando um título metafórico(Babel; Confusão de vozes ou línguas, desordem, confusão, algazarra) Alejandro Iñarritu repete em seu último filme recentemente lançado nas locadoras, a mesma formula de “Amores Brutos” e “21 Gramas”. Uma história contada de maneira não linear, desfragmentada, indo e vindo no tempo. Com “Babel” dá fim a trilogia em que demonstra o quanto os humanos estão conectados uns as ações dos outros e o quão difícil é vivermos em harmonia. Babel é seu trabalho de cunho mais político e globalizado dos três, já que a tal conexão entre as pessoas ultrapassa limites de países e continentes.


A trama tem início quando Susan(Cate Blanchett) esposa de Richard(Brad Pitt) é atingida por uma bala “perdida” durante uma viagem pelo Marrocos, numa tentativa do casal enfrentar e resolver seus conflitos conjugais. Richard tenta desesperadamente socorrer a esposa mas esbarra em diversos obstáculos; seja a falta de recursos do local e ainda problemas políticos causados pela suspeita do disparo ter origem terrorista o que nesse caso dificulta a intervenção da embaixada americana em pleno oriente médio.


Tal incidente atrapalha diretamente os planos de Amélia a empregada de Richard e Susan que ficou nos EUA cuidando de seus filhos mas contava com uma “folga” que lhe permitisse ir ao casamento de seu filho no México. Sem ter outra saída Amélia resolve cruzar a fronteira levando as crianças junto pegando uma carona com seu sobrinho Santiago(Gael Garcia Bernal).
De volta ao Marrocos, a policia local investiga atrás do autor dos disparos contra o ônibus de turistas onde Susan viajava. Enquanto que duas crianças vivem uma crise de culpa por terem testado o rifle do pai contra um ônibus a quilômetros de distancia.


No Japão a jovem surda-muda Chieko é abordada por dois policiais que precisam falar com seu pai a respeito de um rifle encontrado no Marrocos registrado em seu nome. Chieko é o personagem que melhor ilustra a dificuldade, a distância de comunicação entre as pessoas. Pois ainda que viva num mundo particular por sua deficiência auditiva, não é esse o problema que a distancia de seu pai, e sim a nebulosa morte de sua mãe.


De forma geral e rasa essa é a trama, o fio que liga os personagens. Inarritu mergulha de forma visceral em seus mundos, invadindo seus conflitos internos e demonstrando o contexto em que cada um vive. Esse é o plano com que o diretor demonstra o caos humano. E a definição de caos não é dada por uma visão pessimista mas sim pela incapacidade de encontrar um caminho de redenção ao conflito de todos. A esperança acena de longe, mas timidamente permanece sendo aquela última tentativa dos desesperados. Resta aos personagens irem até as ultimas conseqüências, encararem os problemas de frente. E é justamente o que fazem, quando não aderem ao um total desespero. Com esses elementos “Babel” torna-se um filme pesado, interessante pelo despertar de uma incomoda sensação de impotência diante dos fatos e de um possível reconhecimento da “Babel” em que vivemos.

Ygor Moretti

Babel – nas locadoras

Ficha Técnica
Título Original: Babel
Tempo de Duração: 142 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2006
Roteiro: Guillermo Arriaga, baseado em idéia de Guillermo Arriaga e Alejandro González Iñárritu
Elenco:
Brad Pitt (Richard)
Jamie McBride (Bill)
Kôji Yakusho (Yasujiro)
Lynsey Beauchamp (Isabel)
Nathan Gamble (Mike)
Adriana Barraza (Amelia)
Elle Fanning (Debbie)
Rinko Kikuchi (Chieko)
Aaron D. Spears (Oficial Lance)
Boubker Ait El Caid (Youssef)
Said Tarchani (Ahmed)
Clifton Collins Jr. (Policial)
Jamie McBride (Bill)
Nome Completo: Alejandro González-Iñárritu
Natural de: Cidade do México, México
Nascimento: 15 de Agosto de 1963

Filmografia
2006 - Babel (Babel)
2003 - 21 gramas (21 grams)
2002 - 11 de setembro (11'09''01)
2001 - Powder keg (curta-metragem)
2000 - Amores brutos (Amores perros)
1996 - El timbre (curta-metragem)

Texto mais para ser escrito do que lido. (Mas se quiser Leia)

Dia 31 de maio de 2007, saio as 17 horas e 30 minutos do trabalho que fica no bairro de Pirituba, sigo até a Lapa onde pegarei outro ônibus rumo a zona sul de São Paulo. Com sorte, sem trânsito, fenômenos naturais ou alguma revolução repentina... chego em 1 hora e meia.
Até a lapa o tráfego vai bem, o tempo é frio, uma fina garoa faz com que o clima fique entre o húmido e o seco(nada que prejudique de forma catastrófica o trânsito).
Percebo a fila do lotação maior que o normal, calculo que se quiser mesmo ir sentado, só a partir da terceira lotação... Passados 10 minutos nenhum sinal do Campo Limpo/Lapa.
Nesse ponto chega a informação não de uma revolução repentina, mas de uma manifestação que já vinha povoando as páginas dos jornais daquela semana e naquele momento tomara uma proporção maior, influenciado diretamente no caminho de volta pra casa dos paulistas. Trata-se de um movimento estudantil de alunos e funcionários da USP protestando contra sansões do governo sobre as universidades públicas. Pra ser mais exato mexendo no bolso dessas. Fico sabendo de um conflito de policiais e estudantes próximo ao Palácio do Governo e que a ponte da Rebouças está interditada.
Estou ilhado próximo ao Largo da Batata, sem muitas opções e o trânsito agora caótico não evolui pra lugar nenhum. Repentinamente surge um ônibus que me oferece um caminho alternativo no qual vou ter de caminhar uns dois quilômetros a mais do que o normal. Pois bem, pego o ônibus desço na Av. Giovanni Gronchi e sigo a pé o caminho de casa, durante a caminhada quase condeno a ação dos estudantis e ameaço um xingamento, mas pondero e penso que talvez eles sejam os únicos a estarem lutando por uma causa pura, digamos sem outros interesses, oportunismos ou demagogia(será?), de certo se o povo (esse que se lasca nos ônibus e lotações) punir tal manifestação, não deve-se chama-lo de ignorante. Pois todos estão muito cansados para manifestações e cansados de falsas revoluções.
Nesse ponto eu percebo também que pelo bem e pelo mal vou me distanciando daquele espírito jovem e rebelde, não que eu ainda não seja jovem, rebelde e imaturo, mas começa se aproximar um certo pré-conceito, uma raiva, uma ignorância que toma frente de tudo, antes mesmo de formularmos uma opinião sincera a respeito das coisas do nosso dia-a-dia. E eu só não me desespero frente a denúncia do tempo que me vai passando, e sobre tudo do cansaço de ver os membros serem aos poucos cortados(no sentido figurado é claro), só não me vendo como Dorian Gray (por sinal livro que leio no momento), por que há ainda um alarme que mesmo depois de um grito ou uma burrice de minha parte, me informa que eu estou errado, que eu poderia ter tido outra ação, dito de forma diferente ou ter respirado fundo e ter mais 5 segundos de paciência com alguém ou algum objeto que costuma me provocar.
Depois desse bate-papo comigo mesmo, me concentro no caminho de volta pra casa, avisto a vídeo-locadora e resolvo ver se encontro algo bom.

Semanas atrás, assisti “Os Sonhadores” do diretor italiano Bernardo Bertolucci, hoje levo “Antes da Revolução” do mesmo diretor. Já não vou discorrer tanto sobre os dois filmes como o faço costumeiramente nesse espaço, mas de repente suspeito de certos pretextos por trás desse texto, da mesma forma que há outros pretextos nos filmes de Bertolucci, da mesma maneira que incluímos um pano de fundo em todas as nossas ações, as nossas falas e nos nossos passos.
Talvez não se perceba nada além das cenas de sexo do filme “Os Sonhadores”, talvez a história de três jovens que se descobrem em plena revolução de 68 na França, não passe de uma mesquinhez burguesa ou uma rebeldia sem causa, da mesma forma que o jovem Fabrício de “Antes da Revolução” seja o exemplo maior da rebeldia sem causa, da juventude pseudo-intelectual, e nesse caso a revolução comunista de 1960 na Itália, seja algo muito maior para a frágil compreensão das coisas do jovem Fabrício.
Em “Os Sonhadores” três jovens cinéfilos se conhecem numa sessão de cinema onde vários grupos de cinéfilos se encontram para discutir sobre filmes, diretores e movimentos. A amizade dos três inicialmente tendo em comum a paixão pelo cinema, vai se aprofundando a medida que começam suas descobertas pessoais e sexuais. Nesse ponto chega a revolução estudantil de 1968 e assim eles são questionados sobre sua postura frente as coisas de seu tempo, seus deveres, escolhas e sobre o momento em que terão de se tornar pessoas completas.

Já Fabrício de “Antes da Revolução” é um jovem intelectual de classe alta, que vive entre os valores da revolução comunista o qual ele mesmo não tem total convicção de estarem certos, e um relacionamento de sofrimento e sexo com sua tia. Bertolucci já foi chamado de gênio por “Antes da Revolução” e de imaturo por “Sonhadores”, ah o inverso também aconteceu; por Antes da Revolução ser o segundo filme de sua filmografia lhe coube o rótulo de pretensioso e exagerado uso de clichês da época, e em dias mais atuais, Sonhadores foi tido como um “novo clássico”.
Então eu vou fazendo alguns “links” e penso na geração cara pintada, (daria um “Sonhadores”), quantos pretextos não teriam no processo do Impeachment conquistado pela geração cara-pintada? E assim que motivos tem os estudantes que nesse momento levam spray de pimenta nos olhos e cacetes nas costas?
A necessidade desse texto é a de ser escrito, nem tanto a de ser lido, mas claro que o meu ego ficará bem mais massageado com dois ou três leitores...
Alguém começa a falar de sua volta pra casa... descreve a hora do rush de uma metrópole... discorre sobre seus pensamentos durante uma caminhada... Tudo para falar de dois filmes com um tema em comum?!!! Sendo assim os demais textos nos quais fui mais fiel à proposta do blog passam desde já a suspeitos de estarem falando sobre mais coisas além de Cinema...

Ygor Moretti 06/06/2007
Os Sonhadores
Ficha Técnica
Título Original: The Dreamers
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento (EUA / França / Itália): 2003
Direção: Bernardo BertolucciRoteiro: Gilbert Adair

ElencoMichael Pitt (Matthew)
Louis Garrel (Theo)
Eva Green (Isabelle)
Robin Renucci (Pai)
Anna Chancellor (Mãe)

Antes da Revolução
Ficha Técnica
Título Original:
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento 1964 - Itália
Direção: Bernardo Bertolucci
ElencoAdriana Asti,
Francesco Barilli,
Allen Midgette,
Morando Morandini,
Christina Pariset
Gianni Amico,
Domenico Alpi,

Texto mais para ser escrito do que lido. (Mas se quiser Leia)
Ficha Técnica(Só pra tirar um barato):
Titulo Original: Texto sem necessidade de ser lido
Tempo de Duração: 2 dias para ser escrito – 10 minutos para ser lido
Ano de Lançamento: 05/06/2007
Direção: Ygor Moretti
Roteiro: Ygor Moretti

Elenco:
Manisfestação dos estudantes da USP
Transito de São Paulo
Vídeo Locadora (Não cito o nome pra não fazer propraganda rsss)