Sabor da água

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Aviel desistiu de buscar o “poema perfeito”, com os dias contados pela doença, interrompeu de vez sua carreira literária. Sem tempo para novos estudos, sem força para dezenas de escritas e reescritas, sem paciência para o ócio criativo que de vez em quando visitava retornando com certa clareza e folego para seus projetos. Porém, como ultimo ato, ao lado de outros sobreviventes de Auschwitz deixaria sua ode àquele mundo que o cercava…

Enquanto brindavam com seus licores de romã, Aviel e seus companheiros tentavam imaginar o percurso das águas de Munique, Nuremberg, Hamburgo e Frankfurtm, não mais inodoras, insípidas e incolores…
Nas canecas, nos cantis dos soldados, nos bebedouros das varandas deixados para os pássaros. O veneno desenvolvido pelo bioquímico Menashe, circulava por quase todo o território alemão.
E para Aviel essa água tinha absoluto sabor de vingança…

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Texto escrito para o site Ninho de Escritores, exercício número 12

Escreva um texto inteiro sobre uma mordida ou um gole!


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