O Homem do Castelo Alto
(O que estou lendo no momento)

Neste romance perturbador e surpreendente, publicado originalmente em 1962 e vencedor do Prêmio Hugo, Philip K.Dick apresenta um cenário sombrio: a Segunda Guerra Mundial foi vencida pelos Nazistas. O mundo vive sob o domínio da Alemanha e do Japão. Os negros são escravos. Os judeus se escondem sob identidades falsas para não serem completamente exterminados.
É nesse contexto assustador que se desenvolvem os dramas de vários personagens, cujas vidas acabam entrelaçadas pelos ditames do I Ching, o milenar oráculo chinês, e que se descobrem envolvidos em situações além de seu controle.
Considerado por muitos o melhor trabalho de Philip K. Dick, O Homem do Castelo Alto apresenta uma versão alternativa da história, revelando um olhar crítico e filosófico sob a condição humana. E, antecipando filmes e seriados de sucesso, como Matrix e Lost, levanta a grande questão:
"O que é a realidade, afinal?"
(Texto retirado do site da editora ALEPH) http://www.editoraaleph.com.br/
Muitas obras do autor foram adaptadas para o cinema, alguns exemplos:
Blade Runner, Vingador do Futuro, Minority Report e O Pagamento.











A Infância de Ivan - de Andrei Tarkovsky

Dirigido pelo cultuado diretor russo Andrei Tarkovsky, A Infância de Ivan, produzido em 1962, mostra de forma poética e crua, os horrores da Segunda Guerra Mundial, a partir dos olhos de uma criança.
Ivan é um garoto de 12 anos que após ter a família morta pelos nazistas, se oferece para prestar serviço ao exército russo. Com sua baixa estatura e agilidade, consegue obter importantes informações, atuando como espião contra a invasão alemã.
Porém a presença do garoto ainda que útil, causa um certo desconforto nos oficiais do exército, que não aprovam a “exploração” de menino. Ivan por sua vez, reluta em deixar seu posto, se rebelando ao saber que será enviado a um colégio interno ou a uma escola militar. A questão é que o garoto já não tem nada a perder, sua dedicação em campos de batalha se torna tanto uma obstinação quanto uma fuga de sua realidade solitária. A “Infância” de Ivan à qual o título se refere, na verdade não existe mais a partir do ponto em que este se compromete com a resistência russa.
Em contra partida, ao longo do filme, cenas do que parece ser a real infância de Ivan são intercaladas na história. São tomadas de um tom onírico, executadas com sensibilidade poética, característica de toda a filmografia de Tarkovsky.
Nessas seqüências vemos Ivan junto de sua mãe, ou em momentos mais singelos da vida de uma criança que, no entanto, exprimem enorme simbologia através das coisas mais simples, tal qual as brincadeiras e outras descobertas. De forma subjetiva ficam as possibilidades dessas imagens serem a infância de Ivan antes da guerra, ou a sugestão de como deveria ser a infância do garoto, livre, inocente e longe da crueldade praticada pelo homem.
A direção de Tarkovsky segue sempre num ritmo lento e detalhista, enfocando o drama de cada situação. Variando em tomadas amplas e outras mais fechadas e estáticas, temos a situação de quem observa valorizada e de certa forma facilitada. O roteiro e diálogos movimentam-se numa velocidade que independe do ritmo do filme. Longas cenas sem uma palavra se quer, denotam a realidade dos personagens cansados e desesperançosos, sem que exista a preocupação de preencher “buracos” ou espaços vazios, é justamente no silêncio que a mensagem se torna mais explícita e eficaz.

Ygor MF

Ficha Técnica:
Direção: Andrei Tarkovsky, Eduard Abalov
Ano: 1962
País: União Soviética
Duração: 95 min. / p&b
Título Original: Ivanovo Detstvo
Título em inglês: Childhood of Ivan

Elenco:
Nikolai Grinko,
Irma Raush,
Nikolai Burlyayev,
Valentin Zubkov,
Yevgeni Zharikov,
Stepan Krylov,
Dmitri Milyutenko,
Valentina Malyavina,
Andrei Konchalovsky,
Ivan Savkin




O Menino-Hórus

Ninguém sabia o porque do menino Hórus ser chamado assim sendo que nem Deus Egípcio ele era. Na verdade ele era um menino águia que algum vizinho antropólogo achou de botar o apelido do Deus.
Mas toda a gente do bairro nem sabia quem era o tal do Deus-Hórus, sendo que a maioria achava graça só no suposto mal gosto dos pais na escolha do “nome”. Outros ainda assumiam brigas batendo o pé afirmando que aquilo num era menino coisa nenhuma, era uma águia de estimação ou um papagaio preto muito do raro.
Em meio a tudo isso aquele meio-menino, meio-águia, meio-troço, meio-Deus pouco ligava. É bem verdade que sua cara fechada e o enorme bico causavam algum medo na molecada que logo desistia da piada.
Fora isso era ela bem calmo, só um pouco frustrado por não ter aprendido a voar, afinal que sentido tinha um menino-Hórus coberto de penas, mas com dois braços no lugar das asas?
Texto para a ilustração do amigo Rafael.

Ygor MF