Algumas capas da revista francesa Cahiers du Cinema, criada na decáda de 50 por Jacques Doniol-Valcroze, André Bazin e Lo Duca.

Contando com colaboradores como Jean-Luc Godard, Claude Chabrol e François Truffaut, a revista foi um ponto de partida para Nouvelle Vougue, movimento criado por críticos e roteirista que passaram a dirigir filmes de uma forma mais autoral e menos comercial.

Site da revista:





Dirigido pelo novato Jorge Hernandez Aldana, “O Búfalo da Noite” baseado no romance de Guilhermo Arriaga, responsável por roteiros de Babel (2006), Três Enterros (2005), 21 Gramas (2003) e Amores Brutos (2000), conta à história de um mórbido triangulo amoroso. Gregório e Manuel (Diego Luna) são grandes amigos que se distanciam por conta das diversas internações de Gregório em hospitais psiquiátricos para tratar de sua esquizofrenia.
Paralelo a essas ausências, Manuel e Tania (Liz Gallardo) namorada de Gregório, se aproximam de forma carnal e sentimental. Anos mais tarde quando recebe alta do hospital os amigos tentam uma reaproximação, que num primeiro momento parece promissora, porém, dois dias depois do reencontro Gregório se suicida com um tiro na cabeça.
Dias depois Manuel recebe uma caixa com diversas fotos, frases e lembranças do amigo morto. A partir daí a vida de Manuel não será mais a mesma, entre a paranóia e culpa tentará dar seqüência a sua vida e reencontrar a paz interior.

Como de costume nos filmes de Guillermo, a ação não é linear, no entanto, em “O Búfalo da Noite” as variações de tempo e espaço pouco modificam o ritmo do longa, são alguns flash-backs que traçam o caminho dos personagens até o momento atual da história. Búfalo da Noite devido a estrutura de seu roteiro poderia facilmente ser um suspense, (personagem buscando pistas para desvendar o segredo de um segundo personagem morto), porém o que Guillermo escreveu e o que se vê na tela é o drama de um personagem que sabe que falhou, que traiu a confiança de um amigo, que foi fraco diante da tentação, e agora sente próximo a presença do remorso e da culpa. A busca de Manuel portanto, não é para solucionar um problema, mas sim para buscar uma justificativa para o “crime” cometido.

As atuações são bastante convincentes, seja na pequena mas marcante participação de Gabriel González no papel Gregório, ou ainda Liz Gallardo como a bela e introspectiva Tânia. Por fim, Diego Luna como o nome mais conhecido, fecha o elenco no papel de Manuel, um sujeito da espécie dos moralistas sem moral, um conquistador dissimulado, juntando-se a outras interpretações marcadas pela angustia e a vergonha provocada por seus erros.

Quanto a dupla diretor-roteirista, fica a sensação de um trabalho desentrosado, o texto de Guilhermo parece não ter sido absorvido pelo diretor, a qualidade de um parece não encontrar par noutro. Pode o contrário a isso ser verdade também, como a perda de uma essência maior do texto no processo de adaptação para o cinema. Contudo, mesmo ao lado da dúvida e do estranhamento o trabalho não é minimizado por completo, mas deixa saudade do virtuosismo dos filmes anteriores realizado por Guillermo e Alejandro Inarritu, diretor de Babel, 21 Gramas, Amores Brutos e outros.

Ygor MF

Ficha Técnica:

Título Original: El Bufalo de la Noche
Tempo de Duração: 99 minutos
Ano de Lançamento (México): 2007
Direção: Jorge Hernandez Aldana
Roteiro: Guillermo Arriaga e Jorge Hernandez Aldana
Fotografia: Héctor Ortega
Elenco:
Diego Luna (Manuel)
Walther Cantú (Jacinto Anaya)
Liz Gallardo (Tania)
Armando Hernández (Beto)
Verónica Langer (Mãe de Gregório)
Hugo Albores
Irene Azuela
Emilio Echevarría
Gabriel González
Claudia Schmidt
Camila Sodi
Adaptado do aclamado mangá de Katsuhiro Otomo, Akira foi lançado em 1988, com direção e roteiro do próprio Katsuhiro. Até os dias de hoje seu apuro técnico é tido como referência e suas diversas possibilidades interpretativas ainda podem ser investigadas e revistas.



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Começo dos anos 90, um adolescente com um disco de vinil branco nas mãos, dentro um encarte de quase 1 metro de comprimento repleto de fotos e imagens assustadoras de guerras, massacres, explosões e aberrações. Este é o mundo segundo a visão dos Dead Kennedys, uma banda norte americana de punk criada na década de 80. Aquelas eram imagens e informações a parte do que se tinha acesso, tempos de telefonia limitada, transmissão de informações lenta e restrita. 

Golpes militares por todo o planeta iam chegando ao fim, algumas décadas atrás as vanguardas chegavam ao fim. Tinham sido derrotadas, fracassadas ou chegaram ao “fim” porque tinham cumprido o seu papel? Contudo, fica no ar uma hipótese, uma idéia ainda oblíqua de liberdade, e justamente nesse cenário é que surge grito punk contra a hipocrisia das instituições sociais e governamentais. 


Como se a voz dos Kennedys assassinados, voltasse para denunciar os segredos e as verdadeiras intenções do governo norte americano. No maior sucesso da banda Califórnia Uber alles os Dead Kennedys ironizam: 

I am governor Jerry Brown 
My aura smiles and never frowns 
Soon I will be president 
Carter power will soon go away 
I will be Führer one day 
I will command all of you 
Your kids will meditate in school 
Your kids will meditate in school 

California über alles 
California über alles 
Über alles California 
Über alles California 

Eu sou o governador Jerry Brown 
Minha aura sorri e nunca faz caretas 
Logo eu serei presidente 
O poder de Carter logo se acabará 
Eu serei o comandante um dia 
Irei comandar todos vocês 
Suas crianças irão meditar na escola 
Suas crianças irão meditar na escola. 

Unindo a música punk inglesa com o hardcore americano, letras chocantes e um humor ácido o Dead Kennedys foram uma importante voz da militânciapunk durante os anos 80. Defendiam-se e tratavam de deixar claro a diferença entre eles e outros grupos como em “Nazi Punks Fuck Off” ou escandalizam com “Kill The Poor”; 

Efficiency and progress is ours once more 
Now that we have the neutron bomb 
It's nice and quick and clean and gets things done 
At last we have more room to play 
All systems go to kill the poor tonight 
Gonna 
Kill Kill Kill Kill 
Kill the poor...tonigh 

A frente de 78 a 1986 o vocalista Jello Biafra mantinha uma presença marcante, intensa, Jello defendia seus ideias anarquistas, chegou a se candidatar a prefeitura de São Francisco ficando em 4 lugar na eleição. 

Décadas à frente desse cenário que por brigas internas, processos e outros motivos causaram a separação e outras formatações da banda que segue na ativa. Contudo seria um paradoxo afirmar que o Dead Kennedys perdeu força na mídia, vendas etc, já que a cena Punk segue inerente a nossa história, ainda que marginalizada em dias que não faltam motivos para protestos. 


“Swimming Pool” tem roteiro e direção do sempre surpreendente diretor francês François Ozon, diretor do irreverente “8 Mulheres”(2002) e do pertubardor “Sob a Areia”(2000). Leia mais em O Cinemista


O drama “O Vencedor” conta a história dos irmãos Dicky Ecklund (Christian Bale) e Micky Ward (Mark Wahlberg) e o envolvimento desses com o boxe. Enquanto Dicky vive aprisionado nas lembranças de uma carreira que poderia ser promissora, Micky luta bravamente para buscar o seu espaço mesmo estando sempre à sombra do irmão que nos dias atuais se perde no mundo das drogas.

Dirigido por David O. Russell, diretor de “Três Reis” (1999), “O Vencedor” é um tenso drama familiar, realista e áspero. Baseado em fatos reais, o longa trata dos conflitos pessoais e familiares que parecem insolúveis, tendo o boxe como pano de fundo de toda a história. No ringue as cenas são igualmente realista, sem a plástica de outros filmes sobre o tema. 

No entanto o que parece ser o grande trunfo de “O Vencedor” é a brilhante atuação de Bale, um personagem que mescla características supra-humanas, certo carisma aliado a defeitos e fraquezas. O ator rouba a cena com trejeitos e uma sinceridade constrangedora nos olhos, como quem realmente reconhece os erros e tenta dar a volta por cima. Christian Bale venceu o Oscar de Melhor ator Coadjuvante em 2011.

Ygor MF

Ficha Técnica
título original:The Fighter
duração:1 hr 54 min
ano de lançamento: 2010
site oficial: http://www.thefightermovie.com/
direção: David O. Russell
roteiro: Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson
fotografia: Hoyte Van Hoytema

Elenco:

Christian Bale (Dickie Eklund)
Amy Adams (Charlene)
Melissa Leo (Alice)
Mark Wahlberg ('Irish' Mickey Ward)

Crítica do longa Valsa com Banshir, no O Cinemista



Durante as primeiras cenas de Valsa com Bashir, animação israelense que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro, é impossível, ou ao menos de grande dificuldade, não permanecer impressionado e perplexo com as deslumbrantes imagens do longa... 
Trabalho do artista plástico Ursus Wehrli. Toc, busca de padrões ou irreverência?






  




















Mais um filme sobre o período militar? É uma pergunta que alguns mais ariscos farão já se distanciando e dando menos chances ao filme. E a resposta é sim! “Cabra Cega” é mais um filme sobre o período em que o Brasil viveu sobre o regime militar, e sobre a resistência armada e ideológica que alguns brasileiros praticaram contra o regime.

Seguindo uma visão minimalista, humana e particular, o longa se concentra no drama de Tiago, em mais uma grande atuação de Leonardo Medeiros ao invés de traçar um olhar panorâmico sobre o contexto. Se não fala de um assunto novo o aborda de uma maneira diferente.

Após ser baleado e ter visto a companheira capturada pela policia, Tiago é levado a um apartamento onde ficará “encarcerado” ou como se diz, como uma “Cabra Cega”, para recuperar suas forças, esperar que “baixe a poeira” e o comando lhe de novas missões.

Mateus(Jonas Bloch), um médico que de forma secreta participa dos movimentos de libertação, Pedro(Michel Bercovitch) um estudante de arquitetura simpatizante com a causa Rosa a enfermeira vivida por Débora Duboc, compõe o elo cada vez mais restrito e escasso de Tiago com o Mundo.

Tal enclausuramento também é sentido por nós, trancafiados juntos de Tiago, na mesma “brincadeira” de cabra cega. Toni Venturi utiliza muito bem todas as facetas da história que tem em mãos, o lado histórico e documental, dramático e passional e até mesmo uma visão lírica da eterna luta pela liberdade. Mas nada disso fica sobressaltado, é como se fossem visões ou informações subjacentes ainda que explicítas e chocantes como alguns trechos de cenas de tortura. De qualquer forma a direção bem controlada mantém o filme num ótimo caminho e ritmo.

O tema de “Cabra Cega” já foi por diversas vezes visto no cinema brasileiro, porém com passar do tempo e certo distanciamento daquele contexto é que vamos alcançando novas visões, menos viciadas, menos ingênuas e com maior força para refletir em novos pensamentos nos dias de hoje.

Ygor MF

Título Original: Cabra Cega
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 107 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2005
Site Oficial: www.cabracega.com.br
Direção: Toni Venturi
Roteiro: Di Moretti, baseado em argumento de Fernando Bonassi, Roberto Moreira e Victor Navas
Elenco: Leonardo Medeiros (Thiago)
Débora Duboc (Rosa)
Jonas Bloch (Matheus)
Michel Bercovitch (Pedro)

Trailer feito para a Opera Britânica, no entanto imaginem se em nosso dia a dia agissemos da mesma forma que agimos nas redes sociais, solicitando amizades, curtindo as coisas por ai..., exibindo nosso estado de relacionamentos e por ai vai...
Enquanto esperamos pela segunda temporada da série, segue vídeo de abertura da série feita por um fã... INCRIVEL!!!



Novo texto publicado em "O Cinemista" sobre Fellini 8/1 leia mais em O Cinemista.





















Restrepo é o nome de um soldado morto no Afeganistão, Tim Hetherington e Sebastian Juger poderiam em seu documentário ter contado essa história, no entanto, contam a história das operações de um batalhão do exército americano no vale Korengal, diz-se um dos lugares mais inóspitos daquele pais e de extrema importância tática para o combate.

Em uma homenagem ao companheiro, os soldados dão o nome de Restrepo ao posto mais avançado e mais difícil de ser defendido, sob ataque constante do inimigo. O documentário mostra essa rotina, intercala depoimentos dos soldados, reuniões do capitão norte americano com os lideres das aldeias e momentos difíceis de ataques e vigílias.

“Restrepo” consegue manter-se desvinculado de qualquer partido ou visão política, mesmo tratando de um tema tão complicado, e justamente por isso, parece “apenas” documentar parte de uma guerra em que é difícil denominar mocinhos e bandidos...

Ygor MF



Ficha Técnica:
título original:Restrepo
gênero:Documentário
duração:1 hr 34 min
ano de lançamento: 2010
site oficial: http://restrepothemovie.com
direção: Tim Hetherington, Sebastian Junger