Planeta dos Macacos - O Confronto

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Depois dos clássicos filmes da década de 70, e da versão de Tim Burton absolutamente perdida em meio à cronologia da saga Planeta dos Macacos, o diretor Matt Reeves segue reconstruindo e costurando essa história que antes parecia perdida em meio a vários buracos entre os filmes e no próprio roteiro. Primeiramente com o longa “Planeta dos Macacos – A Origem” (2011) e agora com a continuação, “Planeta dos Macacos – O Confronto”. Com isso o diretor quer unir uma ponta à outra da história, traçando desde a origem do confronto ao mundo futuro onde os macacos são quem governam o planeta.

Após os eventos do primeiro filme, onde um grande grupo de macacos foge da cidade, e um vírus mortal aos humanos se espalha pelo mundo. A situação 10 anos depois toma contornos catastróficos. Organizados numa complexa estrutura social, liderados por César, os macacos permanecem isolados vivendo em plena comunhão numa região próxima a cidade dos homens, mas proibidas a eles, enquanto entre os homens o vírus chamado de Símio, produzido pelos próprios humanos em laboratório, dizima grande parte da civilização.

Enquanto explora o terreno dos primatas em busca de recursos, um pequeno grupo de humanos é descoberto pelos macacos. Na verdade eles procuram por uma antiga hidrelétrica, com a esperança de poder reativá-la e assim dar um novo rumo ao que restou da cidade. Dessa forma quando humano e macacos estão em situações iguais, lutando pela própria sobrevivência, é que o confronto se mostra inevitável.

A grande sacada e o motivo que faz valer essa retomada do universo “Planeta dos Macacos”, é a história recontada de uma maneira muito bem contextualizada, crível, e dessa vez bem amarrada, passo a passo, desde a origem do problema ao caos futuro.

O roteiro não se limita ou caminha apenas numa complexa ficção científica, mas evoca questões atuais e de total pertinência aos dilemas humanitários, e porque não dizer de escalas políticas até. Talvez essa extensa gama de discussões possíveis, não fique a mostra de forma explícita, o que de certa forma é mais um acerto de como a direção e roteiro levam a história. Exemplificando; vemos a fragilidade das civilizações diante de grandes crises, que com assustadora facilidade se desarmam de todo valor e se aproxima da selvageria; vemos ainda a forma como temos usado os recursos naturais e como nos tornamos cada vez mais reféns disso, sendo que cada vez menos nos preocupamos ou de fato agimos para viver de uma forma auto-sustentável, isso fica bem evidente na demonstração de como os macacos com parcos recursos conseguiram se manter em harmonia ao passo que os homens beiram o total colapso. Do ponto de vista político, o medo e as relações instáveis espalhadas pelo globo terrestre são lembradas no longa, por meio de uma retórica que lança ao ar a pergunta: Quem atacará primeiro? Diante disso, nosso comportamento é sempre atirar a primeira pedra, míssil, ou granada. Porém, nem só aos humanos cabe a críticas, pois quando os macacos são invadidos por sentimentos e por certa ciência humana, estes acabam também criando seus próprios conflitos, como mostrará o constante conflito entre César e Koba seu opositor ideológico.



Tecnicamente perfeito, com mais uma grande atuação de Andy Serkis, responsável pelos movimentos de Golum na saga “Senhor dos Anéis”, “O Hobbit” e “King Kong”, todos dirigidos por Peter Jackson, aqui Serkis dá vida aos movimentos e expressões de César, que junto de um grande aparato tecnológico, completa uma incrível construção dos personagens primatas. A recriação de um mundo quase apocalíptico contrastado com a floresta onde vivem os macacos também merece destaque, assim como a trilha sonora, forte, e que anuncia a todo instante, a construção de que algo grandioso está para surgir.

No núcleo humano, apenas Gary Oldman consegue algum destaque com o personagem Dreyfus, uma espécie de líder comunitário em constante conflito interno entre a necessidade da luta para sobreviver e o espaço de tolerância com o próximo. No mais, os personagens de Jason Clarke (Malcolm), e Keri Russell (Ellie), junto de seu filho, formam uma família que consegue viver entre os dois mundos de homens e macacos sendo porta-vozes dos dois extremos, em papéis completamente esquecíveis, que apenas travam e impedem maior e melhor avanço da história, talvez sendo esse o erro mais grave da produção que de fato limitou o potencial do longa, deixando a expectativa que em sua continuação o grande filme de “Planeta dos Macacos”, possa enfim acontecer por completo.

Veja mais informações e uma grafic novel resumindo toda a história no site oficial do filme


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