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LITERATURA DE ESBARRÃO


Mel... Essa é minha rss
















Marley e EU


Entrei novamente e perguntei à veterinária se poderia ter alguns minutos a sós com ele. Ela me disse que ele estava fortemente sedado.
— Fique o tempo que precisar — ela disse.
Ele estava inconsciente sobre uma maca no chão, tomando soro pela pata. Ajoelhei-me e passei os dedos por seu pêlo, do jeito que ele gostava. Passei a mão pelas suas costas. Ergui cada uma de suas orelhas com a mão — aquelas orelhas doidinhas que haviam causado tantos problemas todos aqueles anos e que nos haviam custado o resgate de um rei — e senti seu peso sobre meus dedos. Abri seus lábios e observei seus dentes gastos. Peguei uma das patas dianteiras e a comprimi em minha mão. 

Então, encostei minha testa na dele e fiquei ali sentado por algum tempo, como eu se pudesse telegrafar uma mensagem através de nossos crânios, da minha mente para a dele. Queria que ele soubesse de algumas coisas.

— Sabe todas aquelas coisas que sempre falamos sobre você? — sussurrei. — Que você era um saco? Não acredite nisso. Não acredite nem por um minuto, Marley.
Ele precisava saber disso e algo mais também. Havia algo que eu nunca lhe dissera, que nunca ninguém lhe disse. Queria que ele ouvisse antes de morrer:
— Marley — eu disse —, você é um grande cachorro.

Encontrei a veterinária esperando ao lado do balcão da recepção. — Estou pronto — eu disse. Minha voz estava embargada, o que me surpreendeu, porque eu realmente acreditava que havia me preparado para este momento há meses. Sabia que se dissesse mais uma palavra, eu iria desabar, de modo que apenas meneei a cabeça e assinei quando ela me entregou os formulários. Quando terminamos a papelada, eu a segui até onde Marley estava, e me ajoelhei novamente à sua frente, segurando sua cabeça entre minhas mãos, enquanto ela preparava a seringa e a
colocava no cateter.

— Tudo bem? — ela perguntou. Eu assenti, e ela injetou o líquido. Sua mandíbula estremeceu de leve. Ela auscultou o coração dele e disse que havia desacelerado, mas ainda estava batendo. Ele era um cachorro grande. Ela preparou uma segunda seringa e injetou o líquido mais uma vez. Um minuto depois, ela o auscultou novamente e disse:
— Ele se foi.


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Um comentário:

Natacha disse...

CHOROU? imagina!!! rs