A Culpa é das Estrelas - Adaptação

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John Green e seu livro “A Culpa é das Estrelas” já eram sucesso de venda e público nas livrarias, agora levam todo esse batalhão de fãs aos cinemas. Nas livrarias outros tantos livros do autor são lançados e pipocam nas listas dos mais vendidos. Mesmo estando na perigosa e dúbia prateleira dos mais vendidos ( que nem sempre traduz o que é melhor), o trabalho do autor parece sim diferenciado, não é um novo gênio da literatura que estará nas coleções de CLÁSSICOS daqui a 40, 50 anos. Mas é um autor imaginativo que encontrou um nicho não explorado na literatura infanto-juvenil. Ou melhor, romances “românticos” entre jovens juntos a alguma desgraça se tem aos montes por aí, mas Green encontrou uma maneira diferente de confrontar e explorar o tema.

A história de Hazel Grace é sim dramática, mas realista, ingênua e madura ao mesmo tempo, é como se autor e personagens não se levassem tão a sério e por isso se tornam ainda mais humanos e verdadeiros. De forma implícita o autor deixa a deriva uma breve discussão sobre o exercício da escrita e suas nuances, flutua entre metalinguagens sem ser teórico ou chato por demais.

Hazel Grace é uma jovem de 17 anos portadora de um raro tipo de cancer que faz com que ela  saiba que seus dias serão instáveis e não muito duradouros. No entanto, por um milagre ou exceção da regra, o câncer que a levaria rapidamente a morte foi estabilizado por uma droga experimental que só surtira efeito nela mesmo.

Quando é incentivada pelos pais a frequentar um grupo de apoio a jovens terminais denominado “No Coração de Jesus”, Hazel segue descrente e armada de comentário ácidos a cerca das falsas esperanças que os outros demonstram, quando na verdade todos inclusive ela, sabem muito bem o fim de cada um ali. Em umas das sessões do grupo Hazel dá de encontro com Augustos Waters, um sobrevivente do câncer e mais um integrante do grupo. Gus de imediato se encanta com a moça e desse interesse irá nascer mais do que um grande romance, uma linda e verdadeira amizade.

Gus, um rapaz de 18 anos, com uma perna apenas e virgem, como ele mesmo destaca em algumas de suas apresentações, possui uma forma bem diferente de encarar o problema e a vida que resta a todos naquela situação. Como a um choque, um novo despertar, essa amizade esse encontro vai produzir em Hazel um novo fôlego de vida, mesmo que quase sem conseguir respirar ela tenha que lutar e caminhar muito para correr atrás de todos os seus sonhos.

Quanta responsabilidade ou quanta irresponsabilidade necessária ao adaptar um trabalho literário para o campo cinematográfico... Manuais de roteiro e adaptação incitam os realizadores a ter “total desrespeito” pela obra, afim de não ficarem presos aquela realidade e não conseguirem, transpor, adaptar o texto para a tela.

No entanto o diretor Josh Boone de "Ligados pelo Amor" aliado a dupla de roteiristas do ótimo "500 dias com ela" Scott Neustadter e Michael H. Weber parecem ter ignorado ou abandonado qualquer regra ou pretensão de adicionar algo a mais na história de Green, o que por sinal foi uma escolha acertada, pois, realizaram uma adaptação serena, que procura ser fiel ao livro e com isso, leitores de “A Culpa é Das Estrelas” podem ter a simples e prazerosa oportunidade de verificar na tela o que antes construíram em sua imaginação. Rever, reler a história em tempo comprimido e intenso, que trás a tona toda a emoção antes dividida e sentida lentamente a cada ruflar das páginas.

O roteiro da história e principalmente o ritmo foi mantido, pois as acelerações e desacelerações no ritmo da história são características importantes que remetem a fragilidade e inconstância dos personagens. No elenco, caras novas do grande público, Shailene Woodley (Hazel) e Ansel Elgort (Gus) e principalmente suas atuações favorecem o reconhecimento entre leitores-espectadores e personagens. A dupla com naturalidade conquista a empatia do público que parece ser o principal fator para a comoção geral.
Com passagens menores mas que dão maior peso ao elenco Willem Dafoe e Laura Dern estão muito bem, com presenças marcantes mas que não competem com os protagonistas.


Em verdade no tênue caminho que as adaptações percorrem o melhor resultado nem sempre são aqueles que nos surpreendem ou mostram algo novo, mas sim que nos permitem reviver aquela história sem grande, ou nenhuma estranheza, e nisso o longa “A Culpa é das Estrelas” cumpre com o esperado, pois através dele conseguimos mais do que reconhecer personagens e a história, conseguimos nos reconhecer como leitores que outrora fomos. 


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