Ladrões de Bicicleta - Vittorio de Sica

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Com o "congelamento" do Cinemista publicarei aqui no Moviemento os textos publicados na sessão Cinecult do Cinemista, começando com Ladrões de Bicicleta de Vittorio de Sica.

Dirigido pelo italiano Vittorio de Sica, um dos precursores do Neo Realismo, clássico do cinema italiano, Ladrões de Bicicleta mostra-se influente ainda nos dias de hoje, tanto pelas técnicas quando pelo tema abordado. De um prédio público um funcionário segurando uma lista de nomes chama por Ricci, nome que não se encontra na aglomeração da escadaria. A câmera segue percorrendo a rua e o seu movimento, Ricci está sentado, cabisbaixo na calçada até que percebe que sua sorte pode estar mudando. É quando lhe surge a oportunidade de trabalhar como “Colador de Cartazes”, trabalho simples mas que lhe renderia um ordenado capaz de manter uma vida digna e cuidar da mulher e dos dois filhos. No entanto há uma condição, para tal função o trabalhador precisa possuir uma bicicleta. Para recuperar a bicicleta empenhada Ricci e sua mulher empenham suas roupas de cama. Durante o seu primeiro dia de trabalho, Ricci tem sua bicicleta roubada…

O Realismo de De Sica, o seu relato da verdade, carrega e ironia, o improvável o imponderável da vida. Contrapõe justos e injustos, desmistifica, justifica o trabalhador e o ladrão. Essa é a história de Ladrões de Bicicleta, mais do que uma história é o retrato de uma país sem perspectivas no qual a luta pela sobrevivência faz com que valores morais sejam esquecidos.

Neste cenário Ricci e seu filho Bruno vão percorrer as ruas da cidade, o submundo, vão se deparar com personagens amargos, marginais gerados pela dureza da vida. Vão deparar-se com questões, conflitos morais e éticos. Enquanto o pai luta para manter a sobrevivência da família, o filho observa a figura de pai-herói ruindo aos poucos.

Utilizando atores amadores, apresentando profundidade em cada cena, valorizando a ação em diferentes camadas do filme o diretor faz uso de técnicas documentais, objetivo, bruto, seco, contudo consegue não só chocar, mas também nos emocionar.


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