Robocop - de José Padilha

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Clássico dos anos 80, Robocop ganha remake nas mãos do brasileiro José Padilha, diretor de Tropa de Elite 1 e 2, que dá ao policial robótico, uma roupagem mais científica e moderna com entraves éticos, políticos e filosóficos a serem resolvidos. 

Após uma reunião com produtores, onde filmes eram oferecidos ao diretor, Padilha apontou para o cartaz de Robocop e perguntou sobre os direitos daquele filme, segundo Padilha, foi sempre sua vontade dirigir o longa e passados quase vinte anos de seu lançamento, já era hora de revitalizá-lo.


Proposta aceita, o diretor então convoca Lula Carvalho para a fotografia e o montador Daniel Rezende, juntos a equipe de produção e efeitos determinada para atualizar o personagem sem perder suas referências. 

Esse é o primeiro longa dirigido por José Padilha, fora do Brasil, mais conhecido por Tropa de Elite, o trabalho do diretor e roteirista ganhou destaque desde “Ônibus 174” (2002), Padilha foi responsável por diversos outros documentários, como “Os Carvoeiros” (2000), “Estamira” (2004) e “Garapa” (2009).  Desses trabalhos Padilha levou (na medida do possível), tanto para Tropa de Elite quanto para Robocop, características investigativas dos documentários.

Desta forma com roteiro de Nick Schenk, Robocop volta às telas para tratar entre outras coisas da ilusão do livre-arbítrio do individuo diante das grandes corporações e governos. Na trama o policial Alex Murphy após descobrir uma rede de corrupção dentro da policia é vitima de um atentado que explode seu carro e o deixa com mínimas chances de levar uma vida normal. 

Preso num resto de corpo que lhe sobrou, Murphy é visto como a grande oportunidade para Raymond Sellars (Michael Keaton), um mega empresário envolvido na indústria robótica ,usada para segurança social e militar ao redor do planeta. Raymond quer criar um “herói”, um personagem, um robô com consciência que possa driblar a lei que proíbe drones e andróides em solo americano. 

Enquanto o primeiro longa também abordava diversos temas  como tecnologia, ciência e segurança, só que de uma forma mais branda, quase imperceptível. O filme de José Padilha investe no leque de possibilidades e temas, sem, no entanto, se perder pelo caminho. Ao mesmo tempo em que somos conduzidos pelo drama do policial robótico, acompanhamos de perto outros conflitos de cunho científico como nos faz pensar o personagem de Gary Oldman e ainda Samuel L. Jackson vivendo um tendencioso apresentador de TV, que conduz parte da história através de seus discursos, como se fosse uma terceira camada do roteiro.

Mais conhecido do seriado The Killing, o sueco Joel Kinnaman faz um bom trabalho no papel principal do longa em meio a grandes nomes, não se intimida, dedicado durante a pré-produção enquanto os trajes e materiais eram testados, o ator se mostrou preparado para as cenas de ação mesmo coberto por uma verdadeira armadura. Ao redor de Joel, um elenco de estrelas, com atuações condizentes com a carreira de cada um, dá mais força ainda a produção. Gary Oldman, Michael Keaton e Samuel L. Jackson, são os nomes de peso do longa, que tem ainda as boas presenças de Abbie Cornish, Jackie Earle Haley (o Rorchark de Whatman) e Jay Baruchel

Daniel Rezende responsável pela montagem, esteve por trás de outros diversos trabalhos sendo indicado ao Oscar por “Cidade de Deus”. Além de “Diários de Motocicleta”, “O Ano em que meus pais saíram de Férias”, “Cegueira”, “As melhores coisas do mundo”, “A árvore da vida” e “On the Road”. 

Em Robocop, a montagem segue o ritmo rápido e turbulento das mudanças na vida do personagem principal, se por um lado a história se constrói de forma linear, os acontecimentos são mostrados na velocidade midiática que cerca as decisões políticas, descobertas científicas, programas de televisão e repercussão na sociedade. Tanto montagem quanto o roteiro de Nick Sckenk, são repletos de transições instantaneamente ligadas umas a outras, e aqui o personagem de Samuel L. Jackson ganha a importância de um narrador dentro da história a situar o contexto e diferentes interesses em toda a trama.

Lula Carvalho assume a direção de fotografia, mais um nome vindo da equipe de Tropa de Elite, que em Robocop trabalha com tons azulados e cenas bem iluminadas, bem definidas, o que de certa forma, junto da direção de arte, transmite o clima hi-tech em que os personagens estão inseridos, junto a isso a câmera se movimenta de forma rápida e em alguns momentos semelhante à visão que se tem nos games.

Por fim, nota-se as sábias escolhas do diretor José Padilha, que desde elenco à equipe técnica, acertou em cada uma das escolhas, um time talentoso que tratou cada detalhe do longa com primazia e fez com que esse remake, não parecesse obsoleto, mas consegue acrescentar valor ao que já foi feito, em parte como homenagem e noutra como um passo a frente na visão do diretor. 




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