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Batismo de Sangue de Helvécio Ratton

A partir do livro “Batismo de Sangue” escrito por Frei Beto, ganhador do prêmio Jabuti, Helvécio Ratton volta ao tempo da Ditadura Militar em seu período mais critico conhecido como a época de chumbo, e leva ao cinema a história da luta dos dominicanos que motivados por ideais cirstãos decidem apoiar a luta armada contra o regime.
Nesse contexto o longa foca o personagem de Frei Tito, que ao lado de Frei Beto, Oswaldo, Fernando, Ivo e outros tomaram partido contra as atrocidades cometidas pelo governo, apoiando o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional, comandado por Carlos Marighella. Desde então passam a ser perseguidos pela policia até que serem presos e torturados pelo delegado Fleury e seus subordinados.
Após o seqüestro de um embaixador suíço, um grupo guerrilheiros exige a libertação de setenta prisioneiros políticos, entre esses aparece o nome de Frei Tito, que contra sua vontade parte paro o exílio na Europa. Mesmo liberto e longe de seus algozes, Tito não consegue livrar-se dos sofrimentos que a tortura deixara impregnado em sua vida, passa a sofrer com pesadelos e ter a certeza de estar sendo seguido por seus torturadores. Afim de livrar-se de seu martírio e ficar a salvo de seus inimigos acaba cometendo suicídio.
Esse gesto é que lança toda a inquietação da história, é que da toda a carga emocional do filme, sendo o ápice de uma demonstração da força com que a ditadura militar foi capaz de destruír vidas. Nas palavras dos realizadores o filme é um traçado da desconstrução do gesto de Tito, inicia-se com o suicídio do personagem e parte em busca de respostas para algo tão extremo.
Nesse caminho “Batismo de Sangue” é um mergulho nos calabouços, nos lugares recônditos onde se praticavam as torturas em busca de informações a serviço do país.
A execução do filme é dada de forma criteriosa e densa buscando uma hiper-realidade capaz de chocar e mostrar às novas gerações o passado negro do país. Inicialmente Batismo seria filmado em preto e branco, feito em cores o diretor de fotografia deu maior ênfase aos grandes contrastes, sobre tudo a cor vermelha do sangue amplamente exposto nas cenas, além da preocupação de demonstrar através das cores e iluminação a mudança por que passa o personagem central Frei Tito. Assim ao longo do filme os ambientes vão se tornando cada vez mais escuros e tensos. O realismo da obra é notado na reconstrução de época e nas cenas de tortura as quais tiveram todo um cuidado especial, uma preparação dos atores e dublês coordenados pelo mexicano Javier Lambert, que já trabalhara em produções internacionais como 007 – Permissão para Matar, Amores Brutos, Tróia e A Lenda do Zorro.
Por fim, o elenco demostra-se totalmente envolvido pela história, vivenciando cada cena e cada emoção de suas personagens. Se Frei Beto e Frei Tito são representados com louvor por Daniel de Oliveira e Caio Blat, é Cássio Gabus Mendes que ganha maior destaque por ter nesse trabalho um papel diferenciado dos demais “mocinhos” de novelas e séries que o ator costuma ser lembrado. Utilizando algodões nas bochechas (prática usada por Marlon Brando em Poderoso Chefão), Cássio interpreta o delegado Fleury mais conhecido como o Papa, principal arquiteto das práticas de tortura e caçador dos “inimigos da pátria”.
Batismo de Sangue é mais um importante “documento” a cerca da história, um trabalho que agrega informações de suma importância para as novas gerações, afim de que não se esqueça pelo que passaram aquelas pessoas que precisaram lutar contra um regime ditatorial e opressor. Nos últimos anos muitos filmes sobre esse tema tem sido feito, é importante que tais trabalhos sejam mesmo realizados, pois, só com um distanciamento no tempo de cerca de trinta anos vamos alcançando certa maturidade para rever e analisar tal período.

Ygor Moretti




















Ficha Técnica

Título Original: Batismo de Sangue

Tempo de Duração: 110 minutos

Ano de Lançamento (Brasil / França): 2007

Site Oficial: http://www.batismodesangue.com.br/

Direção: Helvécio Ratton

Roteiro: Dani Patarra e Helvécio Ratton, baseado no livro "Batismo de Sangue", de Frei Betto



Elenco

Caio Blat (Frei Tito)

Daniel de Oliveira (Frei Betto)

Cássio Gabus Mendes (Delegado Fleury)

Ângelo Antônio (Frei Oswaldo)

Léo Quintão (Frei Fernando)

Odilon Esteves (Frei Ivo)

Marcélia Cartaxo (Nildes)

Marku Ribas (Carlos Marighella)

Murilo Grossi (Policial Raul Careca)

Renato Parara (Policial Pudim)

Jorge Emil (Prior dos dominicanos)



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2 comentários:

Ygor Moretti disse...

Vale umas dicas de outros bons filmes realizados sobre o tema:
O Que é isso Companheiro; Ação Entre Amigos; O Ano em que meus pais sairam de férias, Cabra Cega, Zuzu Angel, Lamarca, Quase Dois Irmãos... Bom quando lembrar mais filmes coloco aqui se alguém tiver mais alguma dica fique a vontade!!

Pink O disse...

Nada a ver com ditadura, mas gostaria de saber mais sobre Stardust.