Fartura no Olimpo



 
















Eu digo olá a quem me lê, quem me lê novamente ou pela primeira vez e ainda àqueles que me lêem pelas costas inrrustidos num falso desinteresse...

E eu cito já discordando de Fernando Pessoa que diz: "Estou farto de semi-Deuses" em seu poema em linha reta. Pois eu estou bem mais propenso a estar farto de gente mesquinha e mortal por demais, ou mesmo dos deuses que como tal são ainda confusos e por vezes mesquinho como reles mortais...

Mas oh meus caros amigos, os semi-Deuses são a eterna tentativa do perfeito e a constante confirmação do ideal, ainda que um erroneo ideal humano que sendo humano não cosegue não alcança a perfeição.

Nem semi-Deuses são perfeitos, talvez nem os Deuses, mas tem gente que quase nos faz crer nisso. Digo isso enquanto (pasmem) assisto ao Big Brother, pois é eu Clodomiro assisto e admito e reforço que além da qualidade ou da serventia duvidosa, existe sim o interessante do humano exposto ao extremo, explicito diante do mundo e de um gigantesco espelho que o confrontará a todo instante repetindo: Quem é você?!!!

Que não me ouçam, mas me leiam quando digo aqui entre nós que o tal do pay-per-view é um exagero, mas como sugere sempre o apresentador Bial: "uma espiadinha" não deixará ninguém mais burro, nem manchará a carreira de academicos ou intelectuais mergulhados em em outras profundezas de conhecimento.

Mas eu aponto... tendo visto até a grande final do programa e o seu desfecho, a vã tentativa e o incomodo por presenciar o nascimento torto e temporário de semi-Deuses. Porque me acompanhem e vejam se não é mesmo pra se sentir menor do lado de cá da tela:

Os participantes tem pouco mais de 20 anos, profissionalmente estabilizados, se não possuem uma bagagem cultural vasta, carregam vivências diferenciadas, são estrovertidos, simpáticos, se não possuem o corpo sarado ou um belo rosto, sabem se vestir sendo salvos por um estilo vanguardista que diante das transmissões para todo o país podem fazer escola.

E por tudo isso que Pessoa colocaria tudo em Caps Lock "Arre... estou farto de semi-deuses... onde há gente de verdade nesse mundo?" na busca por pessoas reais, de carne, de fibra, pessoas medrosas, tolas e vivas.

Contudo, eu não me canso, não me cansei e o melhor: "Venci" a estranha sensação que nos atinge pela telinha que nos faz sentir menor, pois depois de uma espiada, uma melhor espiada, longe de perfeitos, muito menos são semi e não finais, são quase qualquer coisa, apenas diferentes mas humanos, e continuo porque "humano demasiado humanos" sou eu, é você que do outro lado sente medo, sente vergonha alheia, sente inveja e por fim se tranquiliza ao ver a fraqueza do antes forte e com isso, não se sentindo menor na poltrona.

Porque como no livro dos conselhos e aqui vale a redundancia, vale mesmo o conselho se tratando de Big Brother: "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." 

Clodomiro Tradição
Silêncio Contemplativo

Quase um Mês sem assistir nada, nem lendo e tão pouco chegando perto de escrever algo...
Mas tanta, tanta coisa pra contar...............................................

Enquanto isso:





Meu tio























Com roteiro, direção e interpretação do próprio Jacques Tati, o filme de 1958 consagrou o personagem Monsieur Hulot, como um dos mais carismáticos do cinema. Hulot na pele do próprio Tati foi protagonista de outros três filmes; As férias do Sr. Hulot (1953), Paytime (1967) e Trafic (1971), já “Meu Tio” que não teve grande sucesso na época de seu lançamento, é cultuado ainda nos dias de hoje.

No longa Tati faz uma dura mas bem humorada critica ao superficialismo da sociedade e ao culto à modernidade tecnológica. Monsieur Hulot é antítese de tudo que se espera dessa sociedade. Solteirão, desempregado, descontraído e descompromissado, no entanto, mesmo com esses “defeitos” Hulot é visto como um herói, um exemplo para seu sobrinho, o que causa grande desconforto nos pais do garoto, donos de uma casa que reflete todas as tendências mercadológicas e tecnológicas daquela sociedade.

Meu Tio é um hino de reverência às coisas simples da vida, um convite fácil para o bom humor. Com longos momentos sem diálogo, mostrando o jeito jocoso de Monsieur Hulot contraposto a angústia de seus parentes. Outros diveros “micro-universos” compõe as cenas, como as pessoas na feira, os cães pela cidade, os funcionários na fábrica entre outros.

Contudo, Mon Oncle é um desses clássicos atualíssimos, que embora conte com a grande habilidade e conhecimento cinematográfico de seu realizador, configura ainda como uma obra popularíssima no melhor sentido da palavra, como algo que é muito bom mesmo sendo muito simples, algo que só é muito bom porque também é muito simples. Lição essa que Monsieur Hulot no ensina com graça, sabedoria e simplicidade.

Ygor MF
 
Informações Técnicas:
Título: Meu Tio
País de Origem: Itália/França
Tempo de duração: 110 minutos
Ano de Lançamento 1958
Direção: Jacques Tati