Literatura de Esbarrão

Na sequência da literatura de esbarrão, uma passagem rápida por livros clássicos que são ou não "obrigátorios" a nossa leitura, posto um trecho de "A Peste" de Alberto Camus...














Assim, durante semanas, os prisioneiros da peste debateram-se como puderam. E alguns, como Rambert, chegaram até a imaginar, como se vê, que ainda agiam como homens livres, que ainda podiam escolher. Mas na realidade, podia-se dizer nesse momento, nos meados do mês de agosto, que a peste tudo dominara. Já não havia então destinos individuais, mas uma história coletiva que era a peste e o sentimento compartilhado por todos.

O maior era a separação e o exílio, com o que isso comportava de medo e de revolta. Eis porque o narrador acha conveniente, no auge do calor e da doença, descrever de maneira geral, e a título de exemplo, as violências dos nossos concidadãos vivos, os enterros dos defuntos e o sofrimento dos amantes separados...










Romance que destaca a mudança na vida da cidade de Orã depois que ela é atingida por uma terrível peste, transmitida por ratos, que dizima sua população. Narrado do ponto de vista de um médico envolvido nos esforços para conter a doença, o texto de Albert Camus ressalta a solidariedade, a solidão, a morte e outros temas que auxiliam na compreensão dos dilemas do homem moderno.
  • Editora: Bestbolso
  • Autor: ALBERT CAMUS
  • ISBN: 9788577991181
  • Origem: Nacional
  • Ano: 2008
  • Edição: 1
  • Número de páginas: 280
  • Acabamento: Brochura
  • Formato: Médio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Todo o tempo que há


Eu queria ter todo o tempo do mundo...
TODO o tem-po-do-mun-do...

Para reler essa estrofe até que
Diante dos olhos fatigados e inebriados
Ela se tornasse o poema mais lindo do mundo.

E assim num estágio além de uma enganação,
Impregnar-se na fala,
Ser o que eu não ouço mais e a minha frase próxima,
Já armada entre os dentes.

E depois raquítica, com a qualidade fraca daquilo que foi
apenas pré-formulado, sucumbir em meio a aniquilação dos olhos
que veneram estupidamente.

Ter todo o tempo do mundo.
Do-Mundo...
Para mirar seus olhos e me perder em todas as mentiras embutidas em cada desvio do olhar.
Por Todo-o-Tempo...
Mas ter todo o tempo do mundo para me refazer das mentiras,
Pra refazer as mentiras, para fazer as verdades que os olhos nunca construírão.

Ter todo o tempo para dar calma a minha miopia
E ajustar os fragmentos do que eu vejo durante todo o tempo
Tendo o mundo, o tempo todo...