O artigo “Frank Sinatra Está Resfriado” do escritor e jornalista Gay Talese, é considerado até os dias de hoje um dos maiores clássicos do new journalis. Talese fez do fracasso e da impossibilidade de entrevistar o cantor Frank Sinatra um texto primoroso que funcionou como uma alavanca para o sucesso de sua carreira. O filme “District 9” que tem estréia prevista para outubro próximo parece seguir um caminho parecido. 

Com direção de Neill Blomkamp e produção de Peter Jackson, “District 9” surge por impossibilidades burocráticas da realização de “Halo”, adaptação do game de mesmo nome da Microsoft. Contudo, Neill e Peter criaram o que tem sido apontado como um dos grandes lançamentos do ano, principalmente no que diz respeito a ficção científica.

Em District 9 uma nave extraterrestre pousa em Joanesburgo, África do Sul, após três meses sem contato algum, uma equipe militar é enviada à nave e descobre milhares de extraterrestres frágeis e doentes. Imediatamente é criado um acampamento para cuidar das criaturas, denominado District 9. 

Vinte anos depois os “camarões” como são chamados os alienígenas permanecem isolados no acampamento sendo que sua população não para de crescer e junto a isso inúmeros conflitos com humanos e até mesmo a criação de um mercado negro, abalam a convivência pacífica entre as espécies. 

Assim, uma nova operação de relocalização tem início, causando revolta entre os aliens e o inicio do caos social, que apesar de um filme de ficção científica, parece ter essa problemática como tema. A história é contada com um ritmo e aparência documental, desde os primeiros contatos até o atual momento de total desordem. A fotografia acinzentada e a câmera trêmula cooperam para tal sensação. Os efeitos são magníficos, possuem uma característica hiper-realista, sobretudo a gigantesca e danificada nave alienígena. 

District 9 acerta e provoca profundo incomodo no trato dado a questão da segregação racial, situando a história em um país como a África do Sul, a lembrança e alguma comparação com o Apartheid surge de forma inevitável, sendo que no filme de Neill Blomkamp o preconceito e a violência são características inerentes a raça humana, sem desculpas, são nossas vergonhas...
Ygor MF

Ficha Técnica: 
Título Original: District 9 
País de Origem: EUA / Nova Zelândia 
Gênero: Ficção 
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento: 2009 
Estréia no Brasil: 23/10/2009 
Site Oficial: http://www.d-9.com/ 
Estúdio/Distrib.: Sony Pictures 
Direção: Neill Blomkamp 

Elenco: 
Sharlto Copley,Jason Cope, 
Nathalie Boltt, 
Sylvaine Strike, 
Elizabeth Mkandawie, 
John Sumner,William Allen Young, 
Greg Melvill-Smith,Nick Blake




















Os primeiros minutos de “Cachê” longa escrito e dirigido por Michael Haneke servem para demonstrar mais uma contundente provocação do diretor. Grande parte do trabalho de Haneke é planejada para trilhar um caminho entre o limiar de muitas interpretações ou do absoluto nada. Não que em parte seus filmes não apresentem algum significado, mas fazem parte de um exercício muito mais instigante do que apenas uma história cíclica com começo meio e fim. Tais situações como a um vácuo de conclusões são na verdade combustível para diversas questões agregadas ao trabalho de Michael Haneke.

Georges Laurent interpretado por Daniel Auteuil é um apresentador de um programa literário, casado com Anne Laurent (Juliette Binoche) com quem tem um filho pré-adolescente. Um dia Georges recebe uma fita de vídeo contendo imagens da fachada de sua casa, e junto das fitas desenhos sinistros impõem um ar de ameaça a vida do casal. Com o passar do tempo novas fitas com novas imagens vão sendo entregue demonstrando que o autor das filmagens tem acesso a vida intima do casal, além de conhecer detalhes importantes do passado de Georges.

Espantados com as possíveis ameaças, o casal tenta descobrir quem e por qual motivo estariam fazendo tais atentados. O filme segue no ritmo vertiginoso de um suspense muito bem construído, mesmo não sendo essa a única proposta do longa.













Haneke propõe na verdade uma profunda análise sobre a IMAGEM e o papel dessa na construção da trama, personagens e os próprios telespectadores são convidados a participar de forma mais ativa na construção do longa. Uma obra que mergulha a fundo na metalinguagem do cinema e no ato de contar historias, revendo o papel do público, não mais o aceitando como passivo diante de diversas metáforas que são apresentadas.

Cachê não chega a ser contraditório, mas é ambíguo a todo instante, costura numa mesma linha, dramas, metáforas e uma explicita provocação em que o diretor se coloca como a um Deus manipulando tanto o entretenimento do público e principalmente a vida dos personagens.

Veja também: “Violência Gratuita” 2008 e “A Fita Branca” de 2009

Ygor MF

Ficha Técnica
Título Original: Caché
Tempo de Duração: 117 minutos
Ano de Lançamento (França / Áustria / Alemanha / Itália): 2005
Site Oficial: www.sonyclassics.com/cache
Direção: Michael Haneke
Roteiro: Michael Haneke
Produção: Veit Heiduschka
Fotografia: Christian Berger

Elenco
Juliette Binoche (Anne Laurent)
Daniel Auteuil (Georges Laurent)
Maurice Bénichou (Majid)
Annie Girardot (Mãe de Georges)
Lester Makedonsky (Pierrot Laurent)
Bernard Le Coq (Redator)
Walid Afkir (Filho de Majid)
Daniel Duval (Pierre)
Nathalie Richard (Mathilde)
Denis Podalydès (Yvon)
Aïssa Maïga (Chantal)
Caroline Baehr (Mãe de François)
Christian Benedetti (Pai de Georges)