Entrevista com o Autor - Bellé Jr.

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Lançado pela editora Patuá o livro “O Trato de Levante” de Bellé Jr, tráz a poesia das junções “impossíveis”que para tal, contou com a habilidade do autor, evocando “espíritos” ou figuras da cultura brasileira, junto a um lirismo sutil e delicado num ritmo a lá beatniks. Ainda observando as justaposições, há uma unidade no livro que unifica todos os poemas e em contrapartida deixa escapar uma pluralidade maior e diversa em cada estrofe.

Leia abaixo a entrevista que o autor Bellé Jr. cedeu exclusivamente ao Moviemento:

Olá Bellé Jr, seja bem vindo ao Moviemento e ao espaço Entrevista com o Autor, desde já agradecemos sua participação.

Diga a nossos leitores quem é Belle Jr, e como surgiu sua paixão pela literatura:
Eu que agradeço o espaço que você, Ygor, e o Moviemento dão à poesia. Sou jornalista por ofício, e também pela paixão por histórias e por contá-las. Isso também se mostrou nesse livro, que foi escrito em forma narrativa. A literatura simplesmente aconteceu na minha vida. Lembro dos livros do Pedro Bandeira, devorei-os quando era bem novinho. Esse foi o primeiro estalo.

E de uma leitor para escritor, como se deu essa transformação?
Escrevo poesia desde os 13, 14 anos, mas só mostrava para minha mãe e alguns amigos mais próximos. Assim foi até a universidade, quando escrever se tornou uma rotina que sigo até hoje. Venho do Paraná e lembro bem de um dia, quando já estava morando em São Paulo e visitei minha irmã em Curitiba. Ela estava limpando as tralhas da casa e me entregou um envelope enorme e um LP do segundo disco do Legião Urbana. Dentro de ambos havia uma infinidade de poesias. Comecei a ler e percebi que o hábito de escrever era mais antigo do que parecia. Mas começou a ficar sério mesmo em 2010, quando publiquei meu primeiro livro de poesia e um livro reportagem.

Você está lançando “O Trato de Levante” pela Editora Patuá, do que se trata o livro na sua opinião?
É uma história de amor e revolução, dois temas quase obsessivos para mim. É também um livro com forte tendência pornográfica e alma anarquista, característica que muito me orgulha. Há muito de mim nele, um dos protagonistas leva meu nome, ainda que seja um personagem ficcional, é uma metalinguagem que muitas vezes escapa do meu controle.

Trecho do livro:

“Acho que sou pólen. Ou anúncio de flor.”

“A cada estação. Fui embora. De alguém.

Embora. A cada estação. Em alguém. Eu aportasse.”

Em seu texto aparecem muitas citações de autores, quais seus autores favoritos e aqueles que lhe inspiram ou lhe servem como referência?
Há inúmeros, mas o Benedetti, Neruda, Torquato Neto e o Thomas Mann, de certa forma, foram mais impactantes. Recomendo demais a leitura de todos eles, a começar pelo primeiro citado, esse uruguaio muito louco.

E quanto ao seu processo criativo, como se dá, alguma particularidade?
Levei mais de três anos para terminar o livro. Escrevia sempre que possível, nos finais de semana, de manhãzinha, de madrugada, sempre que o capitalismo me dava um refresco. Mas sentia que jamais finalizaria a obra nesse ritmo. Então, no final de 2012 me inscrevi para algumas residências artísticas, fui aprovado em duas nos EUA, raspei as economias e me isolei por quatro meses. Só assim o desfecho saiu.

Novos projetos em vista pode nos adiantar algo?
Sempre há algo fermentando nas ideias. No momento estou matutando um roteiro baseado em um dos contos do livro Sísifo Desatento, de um jovem e fodástico escritor curitibano chamado Homero Gomes. Mas pretendo me embrenhar num novo livro de poesia em breve, já tenho algumas premissas deitadas, mas elas exigem um tempo de maturação.


Por fim agradecemos sua atenção e participação aqui no Moviemento, deixe um recado para seus leitores ou para outros autores que estão buscando seu espaço.
Todos nós estamos buscando nosso espaço, escrevemos em tempos imagéticos, no império do visual, o que torna tudo mais complicado. Além, é claro, do fato de estarmos num país cujos habitantes ainda aprendem o prazer da leitura. Isso, por um lado e ótimo, pois há potencias leitores a serem descobertos e conquistados. Por outro, é uma merda, pois muitas vezes escrevemos para ninguém além de nosso comparsas. Mas como o rock, a poesia é para um e para um milhão.


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