Paradise Now - Cinecult

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Com roteiro e direção de Hany Abu-Assad, “Paradise Now” conta a história dos palestinos Khaled (Ali SUliman) e Said (Kais Nashef), amigos desde a infância e agora recrutados para uma missão em Tel Aviv, depois disso, segundo sua crença, irão diretamente para o paraíso.

Khaled e Said trabalham em uma oficina mecânica em meio a carros velhos e a pobreza da Faixa de Gaza. A ocupação israelense como se construísse um grande labirinto, determina os caminhos por onde as pessoas devem andar, fechando ruas e estradas. Nos bares se discute o que fazer com os “colaboradores”, traidores e informantes do inimigo. Enquanto em locadoras e lojas são alugadas ou vendidas fitas com execuções desses colaboradores ou discursos de mártires.

Contudo, até aqui a vida dos amigos segue “normal”, até o momento em que partem para o ataque suicida em Tel Aviv, sem hesitar em nenhum momento. Porém algo sai errado na missão, Khaled e Said se separam e a missão é temporariamente abortada.

É aqui que a trama de “Paradise Now” toma um rumo mais interessante, pois após esse primeiro fracasso, os amigos passam a discordar entre si e questionar os motivos de sua missão e se aquela é a única forma de resolver o confronto e chegar ao paraíso.

De uma forma natural o longa nos faz percorrer os diferentes caminhos que Khaled e Said seguirão, mostrando mais do que o lado político, o lado humano das duas partes sem tomar partido mas lançando interessantes indagações sobre a questão. A direção e roteiro seguem uma linha quase documental, sem interferir com trilha sonora, diálogos ou cenas mais oportunistas no sentido de provocar uma ou outra emoção.


Em sentido parecido as atuações e personagens se alternam diante de suas convicções e revelam de forma superficial mas bem definida, suas histórias, sonhos, dramas, amores e conflitos. Os atores Ali Suliman e Kais Nashef reafirmam de forma muito sutil e plausível, essas pequenas erupções de seus personagens, num interessante limiar entre explanar e sugerir pensamentos e intenções. Rodado em 2005, o longa foi indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro e concorreu ao Urso de Ouro no Festival de Berlim. O tema é ainda atual, e nesses dias de 2014 os conflitos voltaram a se intensificar. De certa forma fazendo uma alusão ao clássico “Apocalypse Now” (1979) de Francis Ford Coppola, “Paradise Now” soa melhor não como uma afirmação ou anúncio, mas uma pergunta: Paradise Now?

Originalmente publicado no O Cinemista


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