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Antes de falar do ultimo filme que assisti nos cinemas; “Guerra dos Mundos”. Quero deixar aqui o que considero uma pérola quando se trata da análise ou dum bate-papo sobre cinema: É necessário que se saiba a que determinado filme se propõe antes de fazer qualquer comentário, critica ou elogio a respeito desse.
Como já disse “Guerra dos Mundos” dirigido por Steven Spilberg, baseado no romance de H.G. Wells, estrelado por Tom Cruise é o filme que julgo merecer um espaço nesse Blog. Eu já tinha visto a primeira versão desse clássico da ficção científica por voltas de 1990 ou 92, na minha adolescência portanto, e julgava que tal filme tivesse sido feito na decáda de 70 quando na verdade essa primeira adaptação para o cinema foi feita em 1953 sendo o romance original de 1898. Tanto a data do livro quanto da primeira adaptação cinematográfica me despertam atenção para a pertinência do tema. Sendo que uma história escrita a mais de um século tem um “ar” ainda futurista(por mais que a história se passe nos dias atuais), o tema trata de algo ainda desconhecido e de questões inesgotáveis.
Spilberg cria mais um grande entretenimento. Como sempre impecável na utilização dos efeitos visuais, “de encher os olhos” tornando “concreto” o que antes povoava de forma incerta nossa imaginação. Não profanando mas melhorando(dados os recursos de hoje em dia e sua capacidade) o que já tinha sido feito.
Em Guerra dos Mundos “assistimos” a invasão dos alienigenas através dos olhos do personagem de Tom Cruise e seus dois filhos. Ray(Cruise) é um pai solteiro que parece ter se esquecido ou nunca tido qualquer cacuete de uma figura paterna. Sendo assim vão passar um fim de semana juntos onde cada um cumprirá seu papel de pai e filho com certo desconforto e obrigação. Até aqui temos um perfeito “esquema” para mais um drama familiar, dos conflitos de geração, a distancia entre pais e filhos e outros problemas pendentes entre familiares, mas no entanto, não há tempo para isso pois logo sem eguida quando os personagens são “apresentados” acontece a invasão alienigena apartir daí Ray tenta sobreviver e a todo custo proteger seus filhos. Então, Spilberg não explora o drama de cada um e nem deveria mesmo já que vale lembrar que estamos falando de um filme de ficção cientifica, um filme comercial, de ação e explosão. É verdade que ele até tentou incluir esse drama a história mas tornou os personagens irritantes sobre tudo os gritos da filha e a rebeldia sem causa do filho mais velho do personagem de Tom. É verdade também que outro diretor conseguiu ou melhor consegue trabalhar com grandes dramas e personagens ricos por trás de uma história de terror, suspense ou ficção cientifica, estou falando de M.Night Shayamalan mas isso fica pra outra postagem...
Então voltando a idéia de ver a que um filme se propões, digo que Guerras dos Mundos se propõe a mostrar o caos dos humanos diante de uma invasão alienigena e nesse ponto consegue mostrar de forma maravilhosa, convence, cumpre seu “papel”, com grandes sequências, efeitos, suspense e todos os ingredientes cinematográficos que não nos deixam tirar os olhos da telona.
O tema abordado em “War of Words” “invasão alienigena” pode ser considerado o avô da ficção científica, em 1938 o lendário ator e diretor Orson Welles usando trecho do livro de H.G.WELLS, simulou um ataque alienigena ao vivo para milhões de ouvintes que sem saber da “brincadeira” foram levados ao desespero. Por tanto, cabe aí um certo paradigma entre essa louca ação de Orson Welles e o filme que Spilberg nos reapresenta; o caos e a fragilidade do ser humano diante do desconhecido, além de algumas questões que o filme em si não aborda mas podemos nos fazer: Estamos mesmos sozinhos? Preparados para supostas revelações? Quão avançada e inteligentemente usada é nossa tecnologia?
Para finalizar quero citar um pressuposto usado pelo diretor e visionário russo Eisenstein que acreditava na colaboração da platéia para construir significados nos filmes. Acredito nisso e aplico a todos os filmes sem nunca é claro dar mais siginificado ao filme do que ele próprio tem. No Caso de Guerra dos Mundos podemos “curtir” o filme sem maiores procuras por siginificados não nos enganando por supor ter achado algo e nem enganando ao filme dando-lhe um significado que ele não possui.
Ygor MF – 05/07/2005


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