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Nas palavras do poeta Ferreira Gullar, “...poesia é feita do acaso...”, juntando ao que Rainer Maria Rilke salientava: o fato do poeta “enxergar”, extrair poemas das coisas mais simples da vida... Deixo aqui a minha contribuição, o meu exercício... banalíssimo...


Da presença dum rasgo nas calças


Perder a calça para o rasgo,

É perder uma matéria para a antimatéria,

É perder algo para o vazio, para coisa alguma.

É o habitar do vazio sobre o físico,

A presença do nada entre a coisa que existe,

É a existência de coisa alguma.

Mas se perder as calças é absurdo,

É absurdo maior quando o que nos faz perder é coisa nada,

É a extensão dum vácuo no esticar das linhas e fibras do jeans.

E se ficar sem calças é estar com coisa pouca,

É por pouco que a nudez por debaixo do rasgo

Se faz presente no vazio do rasgo.

E é na fresta do tecido, na fugaz aparição da carne

Que tudo se refaz entre a reta do rasgo e as curvas da carne

Abaixo do rasgo, pulsando e palpitando...


Ygor MF



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7 comentários:

Anônimo disse...

Rasgo, carne, versos - isso combina demais. Gostei da simplicidade e dos devaneios.

Pedro Henrique Gomes disse...

Bonita poesia. Não tinha conhecimento sobre tal.

Abs!

Gilberto Correa disse...

MUITO PROFUNDO,EU ÍA JOGAR FORA UMA CALÇA JEANS VELHA QUE JÁ ESTÁ BEM ACABADA,MAS AGORA DEPOIS DESSE POEMA EU VOU USAR UM POUCO MAIS
PESOU A CONSCIÊNCIA SABE? HEHEHEH

Cleber Eldridge disse...

Igor, estou vivissimo!
Só que mudei de blog, por causa de problemas com a conta ... estou aqui agora:

http://clubcinefilo.blogspot.com

Kamila disse...

Gostei dos versos. :-)

Wally disse...

Poxa, adorei! Bis, bis!

Unknown disse...

Boa, rapaz! Mandou bem! Andou lendo "Cartas a um jovem poeta"? rs...

Abs!