Menos que Nada

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Dante (Felipe Kannenberg) e Berenice são amigos... são crianças e desfrutam da amizade genuina que esta condição(infância) possibilita. Porém, não é com esses mesmo olhos que a mãe do menino enxerga a relação, uma mulher cheia de religiosidade proíbe que o filho continue brincando com a menina. 


Pulando alguns acontecimentos do filme, Dante e Berenice se reencontram 24 anos depois, Berenice é uma empresaria e está no meio de uma construção quando se depara com o que podem ser alguns fosséis. Coincidentemente vê em uma reportagem na televisão o antigo amigo, agora um arqueólogo e decide procurá-lo. Assim os dois estão novamente frente a frente mas não poderão reaver a amizade proibida ou qualquer outra coisa que o destino os tenha reservado.
No entanto, a de se deixar claro que o longa Menos que Nada de Carlos Gerbase não quer contar essa história, de um possivel reencontro ou reajuste entre duas pessoas... Pois a realidade desses personagens agora é outra: Berenice está casada com Ciro, um homem rude e violento que tenta e de fato controla todos os passos de sua esposa. Dante a mais de 10 anos está internado em um manicomio, isolado e esquecido por todos, dado como um caso perdido até que Paula uma psiquiatra novata no hospital se interessa pelo caso e passa a investigar toda a sua história. Assim, através dessas investigações vamos descobrindo as causas da loucura de Dante que tiveram inicio no reencontro com Berenice.

Diretor de Sal de Prata e 3 Efes, Carlos também assina o roteiro de Menos que Nada, inspirado no conto do escritor austríaco Arhur Schnitzler O Diário de Redegonda, Menos que Nada dá continuidade a um conjunto de reflexões sobre a imaginação humana, assim como em Tolerância(2000), Sal de Prata(2005) e 3Efes, que também navegam pelo tema da psique humana, devaneios e o embate entre a ficção e a realidade.
O longa aborda também o tema da saúde pública e sem ser panfletário ou documental mostra a falência do sistema manicomial do país

Em sua grande parte desconhecidos do grande publico, o elenco se comporta como uma perfeita equipe, num estado unissono numa uniformidade de expressões e atuações, por mais diferentes que sejam os personagens ninguém sobrepõe-se a ninguém o que na narrativa colabora para enfatizar o tom de suspense e o constante jogo de interesses que se desenrola nas entrelinhas de cada diálogo.

Lançado simultaneamente nos Cinemas, internet e DVD, Menos que Nada surge como um exercício cinematográfico ou uma provocação narrativa, méritos para Carlos Gerbase que segue construindo uma cinematografia baseada num trabalho continuo de propósitos culturais e sociais.

Ygor MF

Originalmente publicado no cenasdecinema.com


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