Noé de Darren Aronofsky

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É importantíssimo não ter preconceitos sobre absolutamente nada, pessoas, classes, lugares, livros e claro... Filmes. Todavia, antes de ir ao encontro de algo novo, toda informação é muito bem vinda. Junta-se essa informação preliminar e contextual a nova experiência obtida e Bingo! Você pode ter agora a sua opinião... Sendo assim meu caro, se você não sabe nada sobre o diretor Darren Aronofsky, não espere que seu novo filme "Noé" seja um adaptação fidelíssima da história bíblica, até porque, sendo um adaptação já está implícito que algo precisou ser adaptado, modificado para uma nova realidade ou no caso, um novo veículo de narrativa.

Adaptado da Graphic Novel escrita pelo próprio Darren um ano antes da produção cinematográfica, diz-se que na verdade o "gibi" foi uma espécie de roteiro ou guia para aplacar qualquer espanto de produtores, investidores e cia ao ter um primeiro contato com o roteiro. Por outro lado a história de Noé é admirada e perseguida pelo diretor desde sua adolescência. Depois de filmar "Pi" (1998), Darren tentou sem sucesso iniciar esse projeto barrado por produtores por julga-lo um diretor bastante novo para tão grandioso trabalho. 
Anos e filmes mais tarde o diretor tem agora sob sua direção, Russell Crowe (Noé) e Jennifer Connelly (Naameh) fazendo novo par depois de "Uma Mente Brilhante (2001). E a oportunidade de contar sua versão sobre o dilúvio. Noé é o ultimo descendente dos homens tementes ao Criador, vivendo em uma terra com escassez de alimentos e dominada por homens que descendem de Caim e são por tanto inimigos de Deus. Neste cenário Noé precisa proteger e conduzir sua família segundo suas crenças naquilo que o Criador determina que seja o correto a ser feito. Em meio a isso recebe uma mensagem através de sonhos e visões de que precisar construir uma imensa Arca, pois um diluvio está por vir para por fim a todo o mal existente na terra e dar início uma nova era.

Há que se dizer que "Noé", ao lado de "O Lutador" (2008), é um dos trabalhos mais sóbrio do diretor, tendo em vista filmes como "Pi" (1998), "Réquiem para um Sonho" (2000), "Fonte da Vida" (2006) e "Cisne Negro" (2011). Isso posto, a ideia original de Noé; Arca, Diluvio e a nova aliança de Deus com o homem está presente no longa. Ainda que por trás de anjos caídos, gigantes de pedra e outros personagens inexistentes na história original. O diretor ressalta a dificuldade de transformar uma história de 4 capítulos em um filme de duas horas e vinte minutos de duração. Assim, não apenas para preencher possíveis lacunas mas dar aos personagens maior carga dramática, novos conflitos e questionamentos são explorados. 


Bastante convincente Crowe demonstra bem como seu personagem recebe os desígnios do Criador, em nenhum momento com descrença ou relutante, mas procurando entender aquelas mensagens e absorver a importância de ser um escolhido de Deus. Junto a isso precisa administrar o ego e o caminho de seus três filhos, Sem, Cam e Jafé. Como se não bastassem obstáculos, na história do diluvio contada por Darren Aronofsky há ainda um outro opositor a Noé, que o ótimo Ray Wintone representa com brilhantismo, num papel do vilão Tubal-Caim que mesmo sendo inimigo declaro do Criador, acredita que também pode entrar na arca. O elenco conta com Anthony Hopkins e Emma Watson em boas participações mas de menos importância.

Com diversas digressões na história que causaram e continuarão a causar bastante desconforto no público mais conservador, "Noé" de Darren Aronofsky não serve como referência bíblica, o que de fato nem parece ser a preocupação ou proposta do diretor. Contudo e como de costume através do entretenimento de seus filmes, consegue sempre deixar uma margem para discussões e interpretações de suas histórias. Ao construir um Noé menos profeta e mais "humano", nos conduz a uma importante lembrança e nos insere numa mesma "missão" que o seu personagem Noé tem a cumprir. Pois desde aquele tempo tivemos uma nova aliança com Deus, e agora cabe a nós aproveitarmos essa para reaprendermos a ser pessoas melhores mesmo diante de tempos tão difíceis.


Leia também aqui no Moviemento: Critica de O Lutador - de Darren Aronofsky


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