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Dica de Leitura

Maus – de Art Spilgeman

Lançado em meados de 1984 a novela em quadrinhos Maus com roteiro de desenho de Art Spilgeman é um dos relatos mais viscerais do drama da Segunda Guerra Mundial.
Em Maus, Art relata o drama vivido por seu pai Vladek Spilgeman nos campos de concentração onde permaneceu como prisioneiro durante quase todo o tempo da guerra.
Enquanto pai e filho(Art e Vladek) conversam, Art vai anotando tudo ou gravando as conversas com seu pai enquanto ele lhe relata os dramas vividos; o relacionamento com Mala uma antiga namorada, o casamento com Anja mãe de Art, o recrutamento para a guerra em 1939 aos anos em Auschwitz período mais critico da guerra para os prisioneiros onde foram mortos milhões de judeus. Vladek Spilgeman foi um nato sobrevivente da guerra que precisou de muita insistência, sorte e sabedoria para escapar vivo daquele cenário.
A obra Maus conta com diversos detalhes que lhe tornam única na literatura de modo geral. Para contar essa história além de ter usado a linguagem dos quadrinhos, Art fez uma classificação das várias etnias que encontradas naquele contexto. Assim os judeus são representados por ratos, ao passo que alemães são gatos, americanos cachorros, poloneses porcos e assim em diante. Talvez por isso algum desinformado ao ver a capa do romance em quadrinhos pode tomá-lo por uma obra infantil sem qualquer pretensão. No entanto as pretensões de Maus são singelas e sorrateiras, criticas acompanhadas duma requintada ironia são absorvidas ao longo das quase 300 páginas do livro, acompanhada sempre de uma gama rica de humor e detalhamento do que é narrado.
Em meio as páginas de Maus, somos transitados da Europa em plena Segunda Guerra Mundial para a calmaria da casa de Vladek em dias mais atuais onde a história é ouvida por Art, neste novo cenário presenciamos a herança da guerra na personalidade do envelhecido Vladek. Acompanhamos não só a história que nos é contada sobre a guerra mas também a forma como esses relatos serão mais tarde transformados num romance por Art Spilgeman. E como tal somos observadores de uma incomoda sinceridade enquanto o autor transforma a história em arte. Toda uma metalinguagem é um adorno da obra que a torna ainda mais especial nos dando raros momentos de observação do processo de criação como por exemplo a dúvida de Art de como contar a história sem ser parcial ou transformar os personagens em simples caricaturas. Em dado momento chega a desconfiar que a história é complexa demais para ser contada através dos quadrinhos.
Maus foi traduzido por Antônio de Macedo Soares relançado 2005 pela CIA das Letras com num acabamento gráfico primoroso, uma edição de luxo obra obrigatória para se entender o drama das pessoas envolvidas na grande guerra mundial.

Ygor MF


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