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Micro-Conto do Fim do Mundo

O despertador frio-calculista atinge as 5:00 da manha, o sujeito num pulo de quem está disposto-atrasado levanta da cama que lhe dera sonhos já esquecido. Como uma reza permanece em transe frente ao mórbido reflexo do espelho, as paginas do jornal já não lhe causam náuseas, uma lágrima dura se esforça a sair dos olhos. As horas durante o dia tem gosto de “Adeus” sempre inoportuno e dramático demais para o seu cotidiano.
De noite a volta ao quarto é pontual, de uma fidelidade canina, onde tentará embarcar num sonho engenhoso com complexos detalhes que lhe farão reviver o último dia de sua vida. No entanto as paredes apertadas do quarto lhe parecem como um retrato de Marie-Thérèse Walter. A cama lhe guarda o abraço dum paletó de madeira. Adormece convulso, histérico e colérico.
Os sonhos daquela noite de véspera do apocalipse não vieram, acorda pela manhã junto do despertador composto de pragmatismos e inocente do dito fim do mundo. Disposto-atrasado o homem se levanta para um mundo incerto que sobrevivera até ali acima da falsa profecia do fim dos tempos...
Ygor MF


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