A Nova Matrix - Conto

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Uma "homenagem" a São Paulo

Era uma vez uma cidade hostil. Onde uma guerra diária entre pessoas, prédios, ruas, carros e animais, tornavam a felicidade coisa impraticavel naquele lugar.

Continuo com minhas pesquisas em busca da origem do mal. Não estou certo ainda se o povo foi sempre sujo e traiçoeiro. Mesmo depois da execução do filósofo em praça pública, que desfilava profético com o cartaz:

CUIDADO!!! NOS PORTÕES DE AUSCHWITZ  ESTAVA ESCRITO:
"O TRABALHO LIBERTA" 

Depois enforcaram um jovem budista de extrema esquerda que distribuía folhetos com os dizeres:

ACORDE: A RAÇÃO DOS PORCOS SÓ OS MANTÉM VIVOS ATÉ A DATA DO ABATE!
FIQUE ATENTO ÀQUILO PELO QUE VOCÊ É GRATO...

Contudo, as ultimas escavações revelaram uma imensa rede de computadores abaixo do antigo marco zero da cidade. O coração da antiga cidade. O centro nervoso de toda comunicação, monitoramento e controle.

Especialista deram um novo BOOT no sistema, mantendo sua funcionalidade limitada e fora do alcance dos outros computadores. Simularam uma "ilha" para que pudêssemos ver o comportamento daquela inteligência artificial.

Igualmente a todos as I.A do mundo, o sistema de São Paulo também mantinha seus habitantes enclausurados, presos, encaixados como pilhas numa simulação de vida. Através dos pensamentos e sentimentos desses, milhões de watts eram gerados para alimentar às máquinas.

Enquanto outros polos simulavam cidades e vidas perfeitas (ou próximas disso), colhendo uma energia X da sensação de alegria de seus habitantes. A máquina paulista percebeu que do stress, horror, medo e tristeza, poderia gerar muito mais energia de seus habitantes-pilhas. E assim, seu simulacro funcionava num rodizio de desgraças e tristezas que aconteciam de forma ininterrupta e cada vez com mais força. Por consequência os infartos dos habitantes das cabines passaram a ser frequentes, gerando ainda mais energia. Notou-se que o infarto era bom... Mesmo com o fim daquela "pilha" a conta ainda era positiva e assim foram os dias de São Paulo, até seu aniversário de 500 anos quando o grande BOOM aconteceu.

Mapeando as placas, redes, hds e softwares viu-se o seguinte padrão de comportamento do programa SÃO PAULO, com palavras chaves de comando, que se repetiam.

TRANSITO, ASSALTOS, ASSASSINATOS, IMPUNIDADE, CORRUPÇÃO, AGLOMERAÇÃO, ALTAS TEMPERATURAS - SEGUIDAS DE CHUVAS E ENCHENTES, ATRASOS, IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIR COM COMPROMISSOS,  FLANELINHAS, LADRÕES, POLICIAIS LADRÕES, TRABALHADORES LADRÕES, MOTORISTAS LADRÕES, PATRÕES LADRÕES, FUNCIONÁRIOS LADRÕES, VISLUMBRE DE FELICIDADE ALHEIA, SONHOS ALHEIOS, RAROS EXEMPLOS DE FELICIDADE (PORÉM INALCANÇÁVEIS), TRANSITO, MULTAS, IMPOSTOS, RADARES, BURACOS, CHEIRO DE BOSTA, DESEMPREGO, ZERO TEMPO LIVRE, INFLAÇÃO, TRANSITO, TRANSITO, TRANSITO.

Os comandos continuavam e terminavam com a seguinte sequência:

HORROR E FIO DE ESPERANÇA, DOIS A TRÊS DIAS DE PAZ E ALEGRIA... E novamente reiniciava a sequência de TRANSITO, ASSALTOS, ASSASSINATOS...

Muitos estudos a frente, percebemos que nem o infarto nem a desgraça diária eram responsáveis pela maior parte das energias para as máquinas. Mas aquele minuto de esperança desesperada e por consequência a desesperança causavam picos máximos de energia, era esse momento que a MATRIX paulistana se aperfeiçoou.

Para o bem de todos, essa excelência de funcionamento gerou cargas gigantescas que resultou na sua própria ruína. A grande explosão transformou tudo num pasto cinza, vazio e silencioso.

Nos retiramos dos limites da cidade, fechamos os portões, e com a constatação de que algumas formas de vida ainda insistem por ali, autorizamos mais um bombardeio. Precisamos manter o mundo a salvo de você São Paulo...


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