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O Escafandro e a Borboleta

Adaptado do livro de Jean-Dominique Bauby, editor da revista Elle que conta suas memórias e descreve a percepção de mundo que lhe coube após um derrame cerebral, “O Escafandro e a Borboleta” consegue unir força e beleza, fazendo enxergar poesia entre as frestas de uma tragédia.

Bauby “aprisionado” em seu próprio corpo, pode escutar à tudo, mas não move nenhuma parte do corpo e nem fala, enxerga o mundo através de seu olho esquerdo, que será sua janela e seu meio de comunicação. Através de um sistema desenvolvido por uma voluntariosa fisioterapeuta, no qual uma piscada quer dizer sim, e duas quer dizer não, Bauby reinicia seu contato com o mundo, e mais tarde, num outro sistema mais avançado assinala letra por letra enquanto seu interlocutor cita o alfabeto alfabeto até que o olho de Bauby decrete a letra escolhida para formas cada palavra. Dessa maneira narra toda a história de “O Escafandro e a Borboleta”, brilhantemente adaptado para o cinema pelo diretor Julian Schnabel.

A direção de Julian é forte, assim como as imagens e os movimentos da câmera, na primeira metade do filme o diretor nos disponibiliza, nos faz compartilhar o mesmo foco do personagem, seu olho esquerdo, perplexo e angustiado, num primeiro momento sem saber o que está acontecendo, até que aos poucos vai percebendo sua atual condição.

A partir do momento em que o personagem vai se adaptando a sua realidade, e aos poucos, num processo lento deixando de ter dó de si mesmo, nós os espectadores, vamos “ganhando” novos ângulos da história, tal como a reação das pessoas a seu redor, as lembranças e devaneios de Bauby e a forte imagem do seu rosto torto e paralisado.

Mathieu Amalric no papel de Jean Bauby, atua com grande entrega, transferindo uma enorme carga dramática e expressiva utilizando apenas seu olho esquerdo, pois pode-se perceber suas angustias através do olho que tenta percorrer e dimensionar as coisas ao seu redor, quando o mesmo olho parece não transmitir coisa alguma, temos ainda a “voz” interior de Bauby, demonstrando um senso de humor bastante irônico e uma personalidade profundamente humana.

“O Escafandro e a Borboleta”, uma interessante experiência cinematográfica, que une com rara naturalidade a força e a beleza das coisas.


Ygor MF



Ficha Técnica:
Título Original: Le Scaphandre et le Papillon
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento (França / EUA): 2007
Direção: Julian Schnabel
Roteiro: Ronald Harwood, baseado em livro de Jean-Dominique Bauby
Fotografia: Janusz Kaminski


Elenco:
Mathieu Amalric (Jean-Dominique Bauby)
Emmanuelle Seigner (Céline Desmoulins)
Marie-Josée Croze (Henriette Durand)
Anne Consigny (Claude)
Patrick Chesnais (Dr. Lepage)
Niels Arestrup (Roussin)
Olatz Lopez Garmendia (Marie Lopez)
Jean-Pierre Cassel (Lucien / Vendeur Lourdes)
Marina Hands (Joséphine)
Max von Sydow (Papinou)
Isaach De Bankolé (Laurent)
Emma de Caunes (Imperatriz Eugénie)
Jean-Philippe Écoffrey (Dr. Mercier)
Nicolas Le Riche (Nijinski)
Lenny Kravitz (Lenny Kravitz)
Michael Wincott (Michael Wincott)


Recebeu 4 indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Fotografia, Melhor Edição e Melhor Roteiro Adaptado. Ganhou 2 Globos de Ouro, nas categorias de Melhor Diretor e Melhor Filme Estrangeiro. Foi ainda indicado na categoria de Melhor Roteiro.


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7 comentários:

Unknown disse...

Eu fujo de dramas e catástrofes. Se leio na sinopse que o protagonista tem uma doença terminal, tô fora! Por isso nunca me interessei por esse filme... Apesar de muita gente elogiar.

Abs!

Anônimo disse...

Um dos melhores filmes que vi este ano, e todas as metáforas usadas são lindas. Uma experiência realmente ótima. Quero ler o livro.

Abraços!

Anônimo disse...

Um dos melhores filmes que vi este ano, e todas as metáforas usadas são lindas. Uma experiência realmente ótima. Quero ler o livro.

Abraços!

Cintia Carvalho disse...

Oi!
Me chamo Cintia e cheguei até seu blog por indicação do Cristiano Contreiros (apimentário).
Recentemente assisti este filme e gostei muito. Realmente a forma como o diretor aborda a história é muito boa. Maravilhoso o início do filme quando tudo que nos é apresentado, acontece pela visão do personagem. Muito bem feito.
Para quem ainda não viu, vale a pena.
Um belo filme.
Quando puder faça uma visita a meu blog.

WWW.cintia-carvalho.blogspot.com
Um abraço.
Cintia Carvalho.

Wally disse...

Magnífico filme francês que é uma revitalização da linguagem cinematográfica.

Gustavo H.R. disse...

Um filme como nenhum outro, realmente.

Dewonny disse...

Impressionante a atuação impecável de Mathieu Amalric, gostei muito desse filme, um dos melhores dramas déssa década!
Ah kra, nesse link =
http://asianspace.blogspot.com/search?q=2046
Você pode baixar o filme "2046 - Os Segredos do Amor" q vc disse q ñ encontra, imperdível, recomendo muito!
Abs! Diego!